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Cultura, Literatura e Filosofia

O OUTONO QUE HABITA EM NÓS

Percorro as ruas desta cidade, percorro os caminhos que há em mim. Ruas despidas de gente mas vestidas com histórias dessa gente. Histórias que fazem parte de cada um de nós e que transformam o individual no coletivo.

As ruas da cidade recebem a estação outonal, cobertas de manto multicolor que indiciam a mudança na dinâmica da cidade, das pessoas, da natureza. Como pode uma estação levar à metamorfose dos seres? Momentos de introspeção, transformação de emoções e sentimentos, mutação da natureza em simbiose com os seres humanos (parte integrante desta natureza) e da qual fazem parte todos os seres vivos que fazem girar o mundo neste contínuo movimento de rotação. Giramos em torno de nós próprios e em torno dos outros. Giramos tanto, que por vezes, nos sentimos nauseados, mudados, arrebatados em nós e por nós. Saímos do eixo. Perdemos o norte. Perdemo-nos nos caminhos desta rua. Procuramos a essência, aquilo que verdadeiramente nos torna conscientes das limitações, dos pontos fracos, que nos deixa vulneráveis. A essência é essa. Perder para encontrar. Lutar para ganhar força. Desnortear para encontrar os caminhos desta rua. Voltar ao eixo, retomando o plano da órbitra terrestre. Deixar a luz amena de Outono iluminar os diferentes recantos e transformar a noite em dia.

Estas ruas ladeadas por frondosas árvores deixando vislumbrar estrondosos tapetes de folhas abrilhantadas pela luz emanada (por nós) ofuscando com toda a beleza de um caleidoscópio.

Devagar, devagarinho as folhas soltam-se das árvores e dançam leves melodias, pisando no chão, nos campos, nos jardins, no rio, em nós.

O outono entrou na rua, entrou na cidade. Entrou. Não bateu à porta. Entrou. Deixemos todas as suas cores inundar o nosso ser. Deixemos a nossa essência rodopiar e cair suavemente no chão. Deixemo-nos aquecer pelo sol pálido deste Outono sazonal na paisagem circundante e dentro de nós. Deixemos a terra voltar ao eixo. Libertemos o Outono que habita em nós.

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