Nos últimos anos, temos sido confrontados com dois tipos de informação. Uma dessas informações, negativa, tem a ver com o facto de neste momento o cancro ser a segunda causa de morte por doença em Portugal. A segunda informação prende-se com o crescente estudo dos estilos de vida e do seu impacto na saúde dos indivíduos. Neste caso, o impacto da variável actividade física e toda a evidência científica que tem daí surgido. Muita dessa evidência científica associa directamente a actividade física, ou a falta dela, á prevenção ou diminuição do risco de cancro. Esta associação faz da actividade física ou forte aliado contra o cancro.
Enquanto se pensava que o cancro estaria fortemente ligado a factores genéticos, hoje conhece-se que são os factores de risco modificáveis como: obesidade, má nutrição e inactividade física responsáveis pela maioria dos cancros (Carlos S, 2014). Isto são também boas notícias porque esses factores são modificáveis, neste caso, o nível de actividade física.
Com estudos de epidemiologia, sabe-se que quem participa em actividade física regular tem uma redução no risco de cancro de mais de 20% e a actividade adicional só faz aumentar essa mesma redução (Schrack, Gresham, & Wanigatunga, 2017). Por exemplo, um atleta de elite exposto a exercício físico intenso, tem um risco diminuído de cancro de 40% (Hofmann, 2018). Essa redução do risco é igualmente importante quando hoje em dia as taxas de sobrevivência de cancro aumentaram bastante, fazendo com que nessas pessoas, seja importante diminuir o risco de haver um novo diagnóstico/ reincidiva (Garcia & Thomson, 2014). Particularmente, porque é neste último grupo de pessoas que os seus níveis de actividade diminuem consideravelmente.
As razões pelas quais o estilo de vida activo é tão importante e tem resultados prendem-se pelo facto de que reduz factores de risco para o cancro tais como: a regulação de hormonas sexuais, insulina e marcadores inflamatórios assim como previne o excesso de peso e potencia o sistema imunitário (Kushi et al., 2012). Factores estes que potenciam o risco de cancro e sua diminuição baixa a probabilidade de contrair ou que reincida.
Mas para que haja reais efeitos, os níveis de actividade deverão ser moderados a intensos, sendo o nível intenso que apresenta os maiores efeitos na redução do risco (Hofmann, 2018). É aconselhado que seja realizado pelo menos 30 minutos de actividade física moderada a intensa, pelo menos 5 dias por semana.
Quando nos referimos a actividade física moderada estamos a referir-nos por exemplo: a uma caminhada rápida, dançar, andar de bicicleta ou yoga. No caso de ser actividade física intensa, por exemplo: uma corrida, andar de bicicleta com uma maior velocidade, natação, artes marciais ou futebol (Kushi et al., 2012).
E os benefícios não se estendem apenas á diminuição do risco de cancro. Também pacientes que são sujeitos a tratamento, tendem a ficar melhor a nível físico, atingindo um peso ideal e melhorando a sua capacidade física assim como o seu bem-estar psicossocial, diminuindo a sensação de fadiga e depressão (Grazioli et al., 2017).
Por tudo isto, a mudança para um estilo de vida mais saudável que englobe a prática de exercício físico regular é altamente vantajosa. É verdade que, nenhum estilo de vida garante uma total protecção contra qualquer tipo de doença, mas o que estamos a falar é da probabilidade diminuída de que essa doença poderá ocorrer. Esse sim, é o principal benefício que a integração de estilo de vida mais saudável pode representar, beneficiando a população saudável e até mesmo quem tenha tido já um diagnóstico de cancro.