Leituras: 1ª: Dt 6,2-6. Salmo 18/17,2-3.4.47.50-51ab. R/ Eu Vos amo, Senhor: Vós sois a minha força. 2ª: Heb 7,23-28. Evº: Mc 12,28b-34. III Semana do Saltério
O Evangelho deste domingo fala-nos de amor. A mim custa-me falar de amor. Parece-me uma palavra gasta. Demasiado gasta por cada um se citar a si próprio para o definir. Fechado em si mesmo, no dicionário do nosso pequeno mundo, ele morre. É, pelo contrário, na nossa relação com Deus e com as outras pessoas que o amor recupera o seu sentido bíblico, fundacional, vivificante, onde se reconhece que “Deus é amor”, que “é vida”.
Um escriba pergunta a Jesus «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?» E Jesus responde com um mandamento que é muito mais do que letra: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças». A este se segue um igual ao primeiro: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo». Mandamentos mais fortes do que a lei! Mandamentos mais fortes do que eu! E, por isso, para serem descobertos e vividos não como “cowboys solitários” mas em diálogo com Deus e com os outros!
Com TODO o coração, TODA a alma, TODO o entendimento, TODAS as forças. O amor é o “mandamento” da totalidade do amar, do ser, do existir, da doação. Para «que todos tenham vida» (Jo 10,10). O amor parcial não é amor. Ou é total ou não é amor. É outra coisa qualquer.
Os Capuchinhos estão a viver e trabalhar em Laleia há 15 anos. Com recursos humanos e económicos muito limitados, só com a doação total, TODA, inteira, de irmãos e Leigas Capuchinhas, foi possível tocar tantas dimensões pastorais e humanas da vida daquele povo, através da organização das comunidades cristãs, da pastoral litúrgica, profética e social.
Na velha Europa, os recursos humanos e económicos são de outra ordem. E há testemunhos maravilhosos de doação de vida, de entrega. Mas há também muita tentativa pouco feliz – da boca pra fora – de definir “amor”, qual “cachorrinho a rodar sobre si mesmo ao tentar morder o próprio rabo”. É um risco que se corre quando o exercício é meramente intelectual ou centrado sobre si mesmo, sem obras.
Mais do que falar, é preciso fazer amor.