Na minha visão das coisas, a economia portuguesa devia estar a crescer entre os 4% ou 5%. Se assim acontecesse teríamos contas públicas mais saudáveis por exemplo, não estaríamos a pagar a gasolina e o gasóleo a estes preços.
Por outro lado, devíamos ter uma reforma dos licenciamentos. Os empresários esperam obter licenças em Espanha em três meses, mas em Portugal, nem em 30 meses estão prontas. O Estado, assim, perde imenso dinheiro. Se as empresas não funcionarem, não há impostos, nem sobre a criação de riqueza, como o IVA, nem sobre o rendimento, IRS e IRC, porque não há empregos a ser criados. Ou seja, a lentidão do aparelho do Estado está a bloquear a economia e a impedir o crescimento e a criação de emprego. Por falar em IRC, está na hora de baixar a taxa normal dos atuais 21%, principalmente porque há uma coisa chamada competição fiscal internacional e os estados estão a baixar esta taxa para atrair investimento estrangeiro, nós não. E o investimento é fundamental para haver crescimento.
Em terceiro lugar, nós até podemos apreciar o facto de estarmos a caminhar para o défice orçamental 0% ou até 0.2% do PIB para 2019 mas e o outro objetivo de reduzir a dívida pública para os 60% do PIB? Vai em mais do dobro! E isto preocupa-me. Os acérrimos defensores da atual política vão dizer que a Itália ou o Japão têm dívidas públicas superiores à nossa. Mas nesses países a dívida está nas mãos de financiadores nacionais, não tendo portanto problemas com o financiamento externo caso precisem. Nós não. Se ficarmos sem financiamento externo, não conseguiremos pagar a dívida.
Outra das minhas preocupações derivada de uma das de cima tem a ver com o emprego. Temos a geração mais qualificada de sempre e a produtividade não cresce. Estarão os melhores a emigrar todos? Acho que não mas os melhores podem estar a ir para empregos com excesso de qualificações. Há pessoas a mentirem nos Currículos para terem empregos e não serem rejeitados por excesso de qualificações. Não estamos a criar bons empregos e malta nova esmorece. Não apreciei a ideia de limitar os numerus clausus nas melhores universidades para criar vagas no interior, não faz sentido nenhum, andamos nós no ensino secundário a dar no duro a motivar os alunos na méritocracia para depois não terem vagas nas melhores universidades, não estamos a dar a melhor formação aos jovens, estamos a sacrificá-los.
E é melhor ficar por aqui. Não vou falar sobre os aumentos dos impostos indiretos que vão fazer aumentar, mais uma vez, a carga fiscal, sobretudo da classe média. Não vou falar dos efeitos de contágio sobre o aumento do radicalismo decorrente de má políticas de esquerda, nem das cativações, nem d a escalada dos preços da habitação nos grandes centros urbanos e não acharem que existe uma bolha e da gentrificação. Pode ser que melhore a minha visão.