Em minha última publicação, procurei apresentar os dois principais personagens políticos nas eleições brasileiras em 2018 e contextualizá-los com o quadro apresentado anteriormente ao fim do segundo turno. Fato é que meu intuito era publicar a segunda parte do texto ainda antes de obtermos os resultados finais das eleições, a fim de passar um pouco da visão que eu, como brasileiro, construí acerca da política nacional dos últimos anos.
No entanto, como não foi possível realizar a publicação em tempo hábil, resolvi pular a etapa para algo mais atual e falar sobre os resultados finais das eleições brasileiras.
Conforme divulgado amplamente em diversos canais de comunicação internacionais, o candidato do Partido Social Liberal (PSL), Jair Bolsonaro, foi eleito com 55,13% dos votos como presidente da república para a gestão de 2019 a 2022, causando uma grande divisão quando se trata da opinião da população.
Fato é que este candidato obteve a maioria dos votos válidos e agora está certo: ocupará o mais alto cargo do poder executivo pelos próximos quatro anos. Após quatorze anos de governos à Esquerda, o Brasil toma um rumo completamente oposto com a eleição de Jair Bolsonaro. E talvez este seja o fato que cause a maior tormenta: A mudança abrupta.
Uma das maiores preocupações em termos políticos é se o presidenciável teria apoio do poder legislativo para governar. Com suas principais bandeiras anti-corrupção, cristã e pró-família, Jair Bolsonaro conseguiu não somente se eleger presidente da república como também angariar votos para diversos candidatos de seu partido e aliados, sendo considerado o maior cabo eleitoral das eleições.
Com sua influência, direta ou indiretamente, Jair Bolsonaro conseguiu solidificar uma base partidária de 4 senadores e saltou o número de cadeiras do partido-nânico, PSL, na Câmara dos Deputados de 8 para 52 deputados federais, ficando em segundo lugar no número de deputados, perdendo somente para o Partido dos Trabalhadores que ocupará 56 cadeiras da casa.
Com sua base ideológica construída sob o conservadorismo e o liberalismo econômico, a equipe de Bolsonaro já sinaliza maior aproximação com políticas liberais, como a privatização de diversas empresas estatais e a ampliação das relações comerciais.
As propostas de privatização estão dentro de um super-pacote de cortes nos gastos públicos do governo brasileiro, no qual também se incluem a reestruturação dos ministérios, havendo uma redução de 29 para, atualmente, 17 pastas. O futuro responsável pelo atual Ministério da Fazenda (pasta responsável pela economia nacional) pretende arrecadar 2 trilhões de reais em privatizações e concessões, com o intuito de quitar as contas do estado brasileiro.
Comercialmente, Paulo Guedes já declarou que abrirá o mercado nacional. Conforme declarações do próprio, o Mercosul, principal bloco econômico parceiro do Brasil nos últimos anos, não será uma prioridade durante o governo Bolsonaro. Segundo Guedes, o intuito é ampliar as negociações com demais nações ao redor do mundo, quebrando um suposto vínculo ideológico que há no funcionamento do Mercosul.
Dentre elas, as principais são as aproximações aos Estados Unidos e a Israel, já havendo, inclusive, propostas de investimento Israelense em território brasileiro para resolucionar a questão da seca que assola a região nordeste do país.
Socialmente, a principal preocupação se dá quanto às inclinações conservadoras do futuro presidente brasileiro. Marcado por declarações polêmicas com conotações racistas, homofóbicas e machistas, há, por parte da população, o receio de que haja uma ruptura com o Estado Democrático, aproximando o país de um regime ditatorial à direita e causando um retrocesso social de proporções catastróficas no Brasil. No entanto, após sua eleição, Bolsonaro adotou um discurso mais morno, fugindo de polêmicas relacionadas a estes temas e repetindo por diversas vezes que fará um governo constitucional e democrático, não devendo a população se alarmar com potenciais ameaças à liberdade e aos direitos individuais.