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Cidadania e Sociedade

RUI RIO E A POUCA VERGONHA NA A.R.

A Assembleia da República está ao rubro pelos piores motivos. A casa da democracia, o local onde se senta quem os cidadãos elegeram para os representar. Onde se fazem as leis. Onde a responsabilidade e o rigor não deveriam pecar, jamais! E todos que ali se sentam teriam pelo menos a obrigação de sentir o peso de uma tão grande responsabilidade.

Quando não se vislumbrava tão cedo uma nova polémica na Assembleia da República, isto depois da deputada socialista Isabel Moreira ter sido apanhada a pintar as unhas na Assembleia enquanto se discutia o Orçamento de Estado, e já depois da notícia das moradas falsas dos deputados para ganharem mais dinheiro, eis que a “bomba” estoura na bancada do PSD. Ficámos todos a saber que há deputados fantasma, ou pelo menos um que se conhece e que marca presença no Parlamento, é pago por isso, mas que afinal quase não põe lá os pés.

José Silvano, deputado e advogado, ex-presidente da Câmara de Mirandela, é hoje um dos braços direitos do presidente do PSD. Mais: é o Secretário Geral do PSD. Diz que não foi ele que nas suas faltas pediu para lhe marcarem a presença. Certo é que ainda não o ouvimos dizer que devolveu ou que vai devolver o dinheiro que à custa disso ganhou indevidamente. Caberá ao Ministério Público investigar, mas José Silvano pode mesmo vir a responder por um crime de peculato.

O PSD demorou uma semana a reagir. Uma semana à procura de uma explicação que convencesse a opinião pública. Até porque Rio tratou desde início este caso com arrogância, leviandade e uma enorme falta de vergonha. Chamou-lhe de “questiúncula”. Mas a questiúncula cresceu e o PSD lá encontrou quem viesse dar o peito às balas.

E foi a conferência de imprensa mais triste, mais miserável a que lembro de ter assistido e que ganhou a forma do tudo o que a política não deve ser. Emília Cerqueira, a deputada minhota, abriu de tal forma o peito às balas que nos chamou a todos de “virgens ofendidas”. Mas não só. Foi arrogante e deu uma desculpa tão mal cosida que ainda serviu para aumentar mais o tamanho do buraco feito no PSD.

Desde que o caso de José Silvano é notícia que Rio não soube lidar com ele. E em vez de o ter assumido como um caso grave e individual, o líder do PSD acabou por pôr em cheque e sob suspeita o partido todo.

Não percebeu Rio que o feudo que desta vez lidera é maior, mais complexo, e que enquanto olha para o lado e finge que não lhe cheira a nada, o mau cheiro aumenta, alastra e o ar torna-se irrespirável. Já dizia a outra que “quem tem ética passa fome”. Neste caso, e digo eu, quem quer dar banho aos outros e não sente o próprio cheiro vai gastar água à toa.

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