Hoje comemora-se o Dia Internacional da Tolerância. Curiosamente, esta palavra hoje em dia não suscita a paz que devia transmitir. Efetivamente tolerar o outro já não é sinónimo de amizade, mas uma advertência que está na fronteira entre amizade e inimizade. Tolero-te, mas não te “estiques”. Por vezes o “tolerar” significa mesmo suportar… É igualmente curioso referenciar as “casas de tolerância” que mais não eram que as “casas de prostituição” onde eram “tolerados” comportamento sexuais não aceites pela na sociedade.
Em termos sociais, a palavra tolerância prende-se frequentemente às questões religiosas, étnicas, igualdade de género, etc. Aqui a palavra tolerância está plenamente carregada de emoções negativas. Dizer que tolero as pessoa da religião X, ou da etnia Y, ou a pessoa Z transexual, etc, é de um tremendo mau gosto e de um desrespeito profundo. Tolerar é sempre uma visão de “cima para baixo,” não és tão bom como eu, mas tolero-te. Esta é a Tolerância que ocorre na nossa sociedade. Uma Tolerância que é “podre”, vazia. Uma Tolerância que não se livra de um “julgamento moral”. Obviamente que é um pequenino passo relativo à intolerância, onde a pressão psicológica, a violência física ou mesmo a morte dos “diferentes” é uma característica da mesma.
Diz-se que Portugal é um país tolerante e provavelmente será no sentido que não exibe por norma violência física perante o outro “alegadamente diferente”, mas também é um país que ainda não tolera que a mulher tenha o mesmo salário que o homem para a mesma atividade profissional!
Não deixa de ser interessante que há dias atrás, dia 13 de Novembro se comemorou o Dia Mundial da Bondade. Não será por acaso que a Bondade terá de vir antes da Tolerância!
Que falta à Tolerância para efetivamente estar carregada de emoções positivas? A Bondade!
A Bondade é o ato de Ser Bom. Aqui está o problema do ser humano, Ser Bom! Ainda estamos longe de sermos Bons. Quando muito temos algumas ações bondosas quando nos lembramos! Basta recordar a dificuldade que temos em desligar o “juiz interno” que continuamente julga o outro! Não sabemos apenas observar, sem julgar! Pois aquele que É Bom, não pensa em fazer o Bem, pois sua essência de Bondade o impossibilita de fazer o mal. Apesar desta dificuldade, temos de evoluir nesse sentido, de incrementar a Bondade nos nossos atos.
Quando adicionamos Bondade à Tolerância relativamente ao outro, este já não é alegadamente diferente. O outro é um igual a “Eu”! O “outro” identificar-se com religião X, ter a etnia Y, orientação sexual Z, em nada o diferencia do Ser humano que Sou! Já não o Tolero. Já o Aceito!
Aceitar o outro jamais pode ser um ato de sentido único. Aceitar o outro jamais significa fazer-
-lhe um favor. Aceitar, tem pois de ser um ato recíproco. Aceitarem-se mutuamente, respeitando suas “personalidades”, “especificidades”, partilhando, respeitando (não necessariamente concordando) e aprendendo…
Sempre que aceito o outro, saio mais rico, mais tranquilo e pacífico!
Afinal, tem tolerado ou aceitado mais?