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AS RELAÇÕES AMOROSAS DOS NOVOS TEMPOS OU PÓS MODERNOS

O conceito de relacionamento mudou como mudou o mundo e mudaram os tempos. Os relacionamentos convencionais de outrora perderam força para abrir caminho às relações amorosas dos novos tempos. Nos dias que correm é comum encontrarmos quem viva feliz e realizado com mais do que um amor ou com um amor diferente. A verdade é que o caminho para a felicidade não é unidirecional e sim uma meta com muitos caminhos!!!

Se olharmos para as nossas infâncias podemos facilmente perceber que poucos são os contos infantis que não terminam com um “casaram e foram felizes para sempre”. Mas essas são histórias de tempos idos mas que permanecem gravados nas nossas memórias e permitem a aprendizagem e a consolidação de conhecimentos. No entanto, esta codificação não tem de se transformar no final escrito e decidido.

Nos dias de hoje, bem perto de si, existem seguramente muitos casais que decidiram escolher outras formas de vida em conjunto, ou até mesmo em separado, pois foi nessa escolha, tão diferente, do que nos é habitual, que  encontraram o sucesso para a sua relação amorosa.

O crescente número de divórcios e os problemas económicos existentes e crescentes na camada mais jovem dificulta, a tão ambicionada independência e promove o surgimento de novas formas de relacionamentos amorosos. Os novos relacionamentos crescem visivelmente, e há quem afirme que só desta forma se pode amar. É um amor diferente, um amor livre e pode ser a melhor saída pra uma vida mais leve… longe de um amor antiquado, este é um amor sem amarras, sem rotinas, e com espaço para que cada um consiga realizar-se individualmente através da sua liberdade amorosa.

Passada a fase da ditadura da família tradicional, hoje a liberdade sopra os leves ventos da mudança permitindo que cada um decida ficar solteiro, casado, morar em casas separadas e por aí… Obviamente este tipo de relações amorosas diferentes sempre existiu. Seguramente muitos de nós, ao longo das nossas vidas imaginou diferentes cenários. Cenários longínquos do convencional. No entanto, a falta de aceitação da sociedade levou à infidelidade às escondidas e as relações ocultas. Mas também a sociedade carece de evolução e ao evoluir para os valores do prazer imediato e da satisfação instantânea propicia estas novas relações.

O Mito da Monogamia (Record), escrito pelo biólogo americano David Barash e sua esposa, a psiquiatra Judith Eve Lipton, questiona as tendências naturais do ser humano. Fundamentado por uma série de pesquisas, Barash e Lipston, demonstram que até os animais tidos como monogâmicos raramente o são. E por extensão, defendem que o impulso natural dos seres humanos é sentir desejo por outros parceiros. O livro termina com uma questão: Será que vale a pena “ir contra” a natureza e optar pela monogamia?

De acordo com alguns psicólogos, esta tipologia de relacionamentos, não passa de um produto com promessa de satisfação de necessidades individuais e desejos através do mínimo esforço possível. As relações, e as pessoas, são vistas como descartáveis – enquanto satisfizerem as necessidades e servirem o seu propósito funciona mas assim que deixam de corresponder às expectativas, são substituídas por outras que tragam novamente a promessa de satisfação e felicidade.

A verdade é que com a mudança de geração, mudam-se as mentalidades e mudam-se os desejos e a forma como se procura a felicidade muda também. Por isso, mesmo indo contra os padrões pré estabelecidos pela sociedade, as novas relações amorosas passaram a ser algo a considerar. O pensamento, que também mudou, pondera agora propor ao mundo algo divergente do que mundo lhe impõe.

O filósofo Jean Paul Sartre e a escritora feminista Simone de Beauvoir são o casal mais célebre do século 20 que adotou um modelo de relacionamento diferente. Por toda a vida, moraram em casas separadas, mas mantiveram um companheirismo acima de toda prova, apesar da série de casos de Sartre, dos quais Beauvoir tinha consciência plena.

As pessoas que hoje têm relacionamentos abertos ou diferentes, de algum modo, defendem uma filosofia de vida. Acreditam que apesar de terem um relacionamento estável, não precisam abrir mão das oportunidades que surgirem no seu caminho. Em geral estes namoros têm regras e envolvem acordos íntimos ao estilo de Christian Grey.

Atualmente existe uma grande dificuldade em estabelecer vínculos afectivos e manter esses vínculos ao longo do tempo. A evolução da sociedade permitiu a entrada de novas realidades, sendo um dos primeiros sintomas a aceitação da homossexualidade. Mas a evolução e a busca continua e imediata da felicidade leva a novos caminhos… Surgem portanto novas denominações, muito abrangentes e que vão desde os poliamorosos, aos felissexuais, aos LAT (Living Aparth Together) ou aos follamigos.

Tipos de relacionamentos pós-modernos

Os novos tipos de relacionamentos pós-modernos falam de uma redefinição do conceito de amor. Particularmente, do amor de casal. As regras seguem sendo flexibilizadas e o amor romântico segue perdendo terreno. Isso nos levará a um maior bem-estar? É uma pergunta para a qual ainda não há resposta…

Híbridos 

Os híbridos são uma das tipologias mais antigas e comuns. No entanto, até pouco tempo não tinham uma nomenclatura e nem patente de existência. Quando observada com cuidado, esta tipologia de relacionamento pode ser vista como uma forma racional de integrar a incapacidade de ser fiel. Nesse tipo de relação, a mulher costuma ser monógama e existe uma assimetria evidente.

Swingers

Os swingers foram um dos primeiros novos tipos de relacionamentos pós-modernos. São casais que aceitam que o outro tenha encontros sexuais em lugares destinados para tal. Não implica estabelecer vínculos de casal, mas manter uma relação central sem pacto de fidelidade sexual.

No início, os locais para os encontros swingers eram clandestino. Atualmente operam como qualquer outro negocio e têm se transformado em um modelo que oferece múltiplos serviços adicionais. Há swingers de todas as idades e condições.

Múltiplos

Relações baseadas em várias relações ao mesmo tempo, mas sem que ninguém estabeleça um compromisso.

Os encontros múltiplos permitem que uma pessoa explore as opções a seu alcance sem a pressão de um compromisso, implica um acordo, facilitando o conhecimento das regras a cada envolvido.

 Poliamorosos

Um dos tipos mais difundidos de relação pós-moderna. Nesse caso,  mantém-se relações sexuais e afetivas com várias pessoas. Cada um dos vínculos é considerado seriamente e envolve um compromisso.

Esse tipo de relação é praticado por quem considera que não se pode, nem se deve, amar apenas uma pessoa. No coração dos poliamorosos há lugar para muitas relações.

 

Flexissexuais

O caso dos flexissexuais envolve uma questão de gênero. Manter relações sexuais com outros, sem se importar com seu gênero. Nesse caso, o que se procura não é exatamente um casal para formar um vínculo a longo prazo, e sim manter relações totalmente abertas. É uma das tendências mais fortes entre os mais jovens.

LAT (Living Apart Togheter)

Preferem viver sozinhos, não querem partilhar espaços e objetos e, por isso, nunca chegam a dividir casa. No Reino Unido, os LAT (abreviatura da expressão inglesa living apart together, a viver separados, mas juntos) já representam 9% da população adulta, 5 milhões de pessoas. E nos Estados Unidos já há 3,6 milhões de casados que não vivem com o cônjuge por opção.

Amor virtual ou Outakus

O fenómeno surgiu no Japão e descreve o grupo de jovens e jovens adultos que vive em função da manga anime e computadores – e que, em muitos casos, substitui as relações amorosas físicas por relações virtuais. Uma pesquisa do ministério da saúde japonês concluiu que, em 2010, 36% dos japoneses entre os 16 e os 19 anos, não tinham qualquer interesse por sexo – o número duplicou em dois anos.

Monogamish Se a sua relação for maioritariamente monogâmica – e os casos extraconjugais pontuais – encaixa-se neste grupo. Neste caso, a “traição” não pode ser escondida e cabe a cada casal decidir qual o tipo de contacto sexual permitido e a sua duração.

Assexuados – Casais que se amam, vivem juntos, mas não gostam de sexo.

A história de Julie Sondra Decker, escrita em 2014 pela própria no livro The Invisible Orientation: An Introduction to Asexuality, é a história das pessoas apaixonadas que não sentem atração física. Ou seja, dispensam o sexo e sentem-se felizes com isso. De acordo com uma investigação de 2004 realizada pelo Professor da Universidade de Brock, Canadá, Anthony Bogaert, representem 1% da população mundial.

Amigos coloridos

Estão juntos quando lhes apetece, mas recusam ter um compromisso sério e defendem que amizade e o sexo são compatíveis.

Um estudo de 2013 garante que a prática é saudável, outro diz que em 76% dos casos a relação de amizade sai fortalecida.

Pansexuais, o amor a todos 

São amantes das pessoas em geral, amam pessoas, todas, sem exceção. Em 2015, a atriz e cantora Miley Cyrus admitiu fazer parte do grupo. “Sou muito aberta em relação a isso – sou pansexual. Tenho 22 anos, vou a encontros, mas mudo de estilo a cada duas semanas.”

Vegansexuais, carne não

São vegetarianos em tudo: na alimentação e no sexo. Os vegansexuais recusam-se a ter relações íntimas com carnívoros ou com pessoas que comam produtos de origem animal, como os macrobióticos.

O termo foi usado, pela primeira vez, em 2010, por Annie Potts, uma professora neozelandesa que fez um questionário para a Universidade de Canterbury sobre o tema. Nas entrevistas que fez a 157 vegetarianos ouviu justificações como: “Não quero tornar-me íntimo de alguém cujo corpo é literalmente feito de corpos de outros que morreram para seu sustento” e “Não consigo pensar em beijar lábios que permitam que pedaços de animais mortos passem entre eles“.

As psicólogas Gabriela Pereira e Mafalda Galvão Teles estão absolutamente de acordo: “o facto destes relacionamentos não corresponderam ao padrão convencional de relação (de acordo com a nossa sociedade) não significa necessariamente que as pessoas que os constituem sofram de algum tipo de patologia”.

Pelo contrário, as pessoas querem experimentar coisas novas, como novos desportos radicais, em especial se ainda não encontraram algo que as faça felizes. O convencional é definido de acordo com a sociedade em que estamos inseridos.

De acordo com a psicóloga Mafalda Galvão Teles “Para considerarmos que existe a presença de uma patologia apenas por estas pessoas não seguirem o padrão relacional adoptado pela maioria na sociedade ocidental, teríamos de considerar que os padrões relacionais existentes noutras culturas seriam também sinal de patologia”.

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