
Cor de quando era pequena e estar na casa dos meus avós era do melhor que poderia haver.
Cor do meu avô a dormir a sesta no banco de madeira, da cozinha de paredes enfarruscadas.
Cor de lareira acesa com “moletes de véspera” barrados com planta (não havia cá manteigas, ou margarinas ou outras tretas. Era planta e pronto).
Cor do café da cafeteira toda farrusca e do leite, que às vezes ficava todo gorduroso daquelas bolachas Maria, douradas (que a minha avó tinha por causa dos netos), que eu adorava misturar e fazer uma autêntica mixórdia.
Cor das gemadas que eu e o meu tio Jorge batíamos à profia, a ver quais ficavam mais rapidamente “brancas”, enquanto ouviamos o terço.
Cor do fumo da lenha da poda, que pintava a cozinha de preto e fumava os enchidos…
Cor das mulheres em volta da comida e dos homens encostados ao tanque na conversa.
Cor dos penedos e dos meus primos, onde brincávamos até chamarem para irmos, ou comer, ou para casa.
Cor dos domingos à tarde onde eu era o terceiro elemento do namoro da tia Lucia e do tio Quim (Paciência! Eu só fazia o que a avó mandava
).
Cor a família, a momentos, a amor, a histórias para mais tarde contar.
Mas era para falar de papas!
Também teve cor de papas aquecidas no tacho, na lareira!
Cor de rapar o racho e de lamber os dedos
de satisfação .