“Às vezes preferes que te julguem cruel, indiferente ou cabeça no ar, a revelares-te tal qual como és. Parece-te sempre que os outros não podem crer-te.”
Luísa Guarnero
Em palco.
Era a primeira vez que me amavam na vida
[ Não sei se alguma vez te contei ]
a última vez que me amavam na vida
Não estou a culpar-te
a dor é mais funda
parece até que já nem dói
[ frases que impingem aos que amam
coitadinhos
Foda-se insensíveis ]
Fiquei a olhar para ti
De braços cruzados
expliquei-te a pressa que tinha
[ não digas a ninguém que eu te amei ]
fecho os olhos e esforço-me
e não volto a pensar em nós
Não sei o que me sobressalta mais
riem-se das minhas angústias
como um anormal
que se distraí a seguir com outra coisa
como um estúpido
cheio de planos para encontrar o amor
chamam-me de piegas e dizem para eu aguentar
[ Aguenta-te, aguenta-te, aguenta-te
Tudo o que se passa longe de nós parece não ter nada a ver connosco
Não tens outro remédio senão continuar vivo]
Quero fugir
[ Às vezes sabe-me bem acreditar
Ouviste Deus? ]
sei hoje que seria capaz,
sinto-me um homem qualquer
que não cura a tristeza
talvez por isso tenha sido tão difícil encontrar-te
e tão fácil perder-te
Não te desculpaste!
Não estou a culpar-te, não estou a culpar-te
Nunca ninguém diz
muda o destino
abre a porta e fecha a porta
não há sexo que compense a falta de amor
com vontade de chorar
não há abraços que compense a falta de ti.
Um dia cerras as pálpebras
É o que eu vou levar quando morrer.