Vale a pena zangarmo-nos contra o tempo? Claro que não!
Ficamos ansiosos e descuramos de nós, fazemos cada vez mais tarefas de forma mais rápida, mais ansiosa, o que não significa que têm mais qualidade.
As pessoas que estão à nossa volta começam a queixar-se que nós não lhes dedicamos tempo de qualidade, para além da falta desse tempo de qualidade para nós mesmos.
O nosso dia a dia é agitado logo que começa. O levantar sob o toque das ordens de um despertador, a exigência de um pequeno-almoço nutritivo para conseguirmos aguentar uma manhã de trabalho e as imensas tarefas que nos são atribuídas e, que, por si só, dão para o dia todo, demonstram já que estamos mais uma vez contra o tempo!… E claro uma tarde de grande trabalho, as idas a correr às portas das escolas buscar os filhos, levá-los às atividades, voltar para o trabalho, ir novamente buscá-los às atividades, fazer o jantar, ajudar os mesmos nas tarefas escolares e quando vamos ver o tempo chegamos ao sofá às 23h ou 24h. O tempo perseguiu-nos o dia todo como se nós fossemos os “arguidos” e o tempo o “ofendido”.
O tempo, a meu ver, é sufocante, limita a nossa liberdade. Enquanto Psicoterapeuta vou dar vos um exemplo: ensinam-nos na Faculdade que só devemos estar com o paciente 45 minutos em consulta psicológica, como se isso fosse assim tão linear! Como se interrompe uma sessão de psicoterapia, onde por exemplo, o paciente está a enfrentar um luto e quando finalmente conseguiu começar a falar sobre isso acabam os 45 minutos? Não é possível interromper!
O tempo sem dúvida limita!
Quem tem um horário flexível diz que trabalha muitas mais horas do que quem tem um horário fixo, mas a verdade é que não é “escravo” de um “pica”, de um ponto, como quem trabalha numa fábrica ou numa empresa… Quem não trabalha sobre o stress do tempo é livre. Por isso, os reformados, muitas vezes, sentem-se livres e descrevem o seu tempo como tempo de qualidade, porque são donos do seu tempo, vivem o seu dia a dia sem pressa.
Temos que hierarquizar as nossas tarefas! Apesar de saber que estão a pensar numa agenda e em colocar as tarefas por horas… não é nada disso, é hierarquizar por ordem de importância na nossa vida.
Se, na vossa vida, o mais importante é estar com os vossos filhos, isso tem de ocupar mais horas do vosso dia do que tem ocupado; se andar a pé é a vossa atividade preferida, esta tem que fazer parte do vosso dia; se neste momento trabalha 10 horas, mas está a ficar doente física e psicologicamente tem que passar a trabalhar 9 horas e reformular os seus gastos para trabalhar só 9 horas. Tudo revisto para melhorar a sua qualidade de vida física e mental e ter mais tempo de qualidade para si e para os seus significativos.
O tempo tem que ser o seu aliado, não o seu inimigo, e o que parece mais importante e o que parece menos importante se calhar está trocado na sua ordem de prioridades.