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Cidadania e Sociedade

NORMALIDADE E DEFICIÊNCIA

Hoje graças à evolução da medicina é possível identificar inúmeras situações de malformações congénitas e de doenças incuráveis no bebé. Provavelmente todos aqueles que são pais, uma das primeiras preocupações que tiveram em relação ao futuro “rebento” foi o de saberem se tudo iria correr dentro da normalidade e se o bebé iria ser normal. São momentos de elevado stress, de tensão no casal e que muitos perante as evidências de algo não estar bem, optarem pelo aborto e “aparentemente” resolverem o problema. Pelo contrário, outros pais assumem a nova situação num misto de alegria e tristeza e dão à luz um novo ser, com caraterísticas especificas decorrente da deficiência associada. É pois uma vida dedicada ao novo ser, onde se gastam inúmeros recursos económicos e não só, no sentido de se proporcionar o melhor bem-estar e inclusão possíveis num mundo completamente alheio a estes problemas. É pois uma vida onde o Amor não é apenas uma palavra mas um comportamento contínuo de dedicação. Assim, a esses Pais quero felicitar e agradecer o seu exemplo. Aos profissionais de saúde, de ensino, etc que lidam com todos aqueles portadores de alguma limitação quero demonstrar a minha enorme admiração e reconhecimento. Lido com alguns desses profissionais e fico sensibilizado com o entusiasmo com que falam deles, dos seus sucessos e insucessos, de todo o amor e paixão dedicados a essa causa. Reconheço que (ainda) não possuo o “estofo” e evolução necessária para exercer uma atividade profissional nessa área. Reconheço o meu desconforto e inquietação de “não saber que fazer” quando em interação com alguém nessas situações. Reconheço que dos poucos que tenho o prazer de conhecer, têm uma coragem, determinação e motivação para se superarem, que constato que é em mim que existe a limitação! Afinal é deles que vem o exemplo das lutas mais difíceis e consequentemente das vitórias mais saborosas. Afinal é deles que apesar “de tudo” vem o gosto de Viver. Afinal é deles que vem a vivência da palavra Amor a um nível mais profundo!

Vivemos no mundo cheio de boas intenções, de convenções de direitos do ser humano, das crianças, das pessoas com deficiência, de legislação interessante, mas a vida destas pessoas mostra uma realidade bem diferente. A normalidade delas é a sua condição de limitação, nós para elas é que somos os diferentes. O mundo não está adaptado para as limitações sensoriais e motoras que alguns possuem. Seria interessante que cada um de nós se imaginasse na privação das suas capacidades e verificasse a dificuldade ou mesmo impossibilidade de fazer uma vida minimamente autónoma. Muitos dos ditos “normais” podem sempre pensar “eu estou bem, eles que se adaptem”! Esquecem-se porém, que muitos efetivamente apresentam limitações desde a nascença, mas para outros, essas limitações foram provocadas por alguma doença posterior ou mesmo um acidente! E aí como ficamos? E se chegar  a nossa vez?  Nessa altura vamos reclamar, pedir justiça, exigir condições de segurança, de emprego, de mobilidade, de apoio, etc. Assim, compete a todo nós e em especial às autoridades competentes de disponibilizar meios, recursos materiais e humanos para que ser diferente, não seja viver diferente. Afinal somos todos Seres humanos, necessitados do melhor bem-estar possível, quer a nível, físico, mental, social ou espiritual.

 

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