É dezembro e quase Natal. Como em anos anteriores já ouvi a frase “chegou-se à época da hipocrisia” e, mais uma vez, não concordo com ela. No que me respeita, por exemplo, recebo e envio mensagens de e para pessoas que raramente vejo. E não, não sinto neste gesto nenhum resquício de hipocrisia, pelo contrário, sinto-o como um elo que me dá a oportunidade de mostrar a importância que, cada um à sua maneira, tem para mim.
Entendo que a azáfama do quotidiano nos retira a disponibilidade de ver e falar com toda a gente que gostaríamos. Faz parte! Talvez numa ou noutra situação pudesse não ser assim, mas é! Assim, vejo com naturalidade olhar a lista telefónica e enviar mensagens positivas para as pessoas que fazem parte dos meus contactos. Aliás, se estão lá, de uma forma ou de outra, fazem, ou fizeram num determinado momento, parte da minha vida. E mesmo que seja esporadicamente, mesmo que apenas nesta altura o apelo aos sentimentos seja o fio condutor para esse contacto, mais vale uma vez por ano, que nunca. Hipocrisia? Não! Apenas o espírito de Natal parece que nos acrescenta tempo e nos recorda a verdade de um sentimento, seja ele qual for, que se mantém meio adormecido ao longo do ano.
Sempre gostei do mês de dezembro, assim como sempre o vivi numa quase magia porque traz consigo uma quadra rica em momentos, simples e ternos pormenores, vividos em família. Uma época que apela aos mais nobres sentimentos e que para mim significa olhar e sentir o próximo… Numa palavra? União!
Eis-nos chegados a mais um Natal. Como nos anteriores as luzes brilham nas árvores, a música natalícia ouve-se pela cidade e essa espécie de magia nunca é alterada, por outro lado e ao longo dos anos, ainda que me deixe envolver por este ambiente festivo, também me perco em recordações…
Luzes, melodias e aromas perfumam e adoçam a quadra mais doce do ano, e eu ainda que envolta em nostalgia, vivo o momento. Porém, na noite do dia vinte e quatro, quando sentada à mesa, observo os rostos dos que mais amo e já não os vejo a todos, é nesse instante que mais sinto que sobram lugares, que falta gente… É nesse momento que as memórias mais me atraiçoam!