Mas o cheiro inebriante depressa se transformou numa seiva quente que me percorreu as veias, acelerou-me o coração e fez-me viajar num mundo de príncipes e princesas encantadas, percorrendo os céus montando coloridos e alados unicórnios.
Estar com ela era tudo. Contava os minutos que, devagar, desmontavam as horas que me separavam do calor que sentia quando nos seus braços caía.
No início, todos – ou quase todos – os amores são perfeitos. E, neste romance de que vos falo, não foi diferente, mas os problemas chegaram como em qualquer história de amor eterno.
Os dias encheram-se de dependência, de tremores frios e insuportáveis na ausência que me esvaziava os dias em que ela não vinha.
Vieram os amigos dizer-me que a relação era unilateral, que me estava a anular, que eu já só era metade do que havia sido.
Mas eu, com unhas e dentes, defendi-a até ao fim, consumindo-a como o ar que se respira, até ao dia em que percebi que já não era nada, que já não tinha nada.