Rodrigo Estiveira
Durante os anos em que fui atleta de Trampolins, a flexibilidade era uma parte importante do treino a par com o fortalecimento e claro, todo o treino técnico.
O trabalho de flexibilização era dos mais difíceis e penosos que tínhamos. Custava imenso a ganhar e perdia-se mais rapidamente do que a força física caso deixasse-mos de praticar com regularidade.
Para além da minha modalidade (Ginástica) que necessitava de um ganho considerável de amplitude articular para a execução técnica outros desportos também a valorizavam de maior ou menor forma. E naquela altura, era tida como importante para prevenir lesões. Mas será que é mesmo assim?
O objectivo de praticar alongamentos é o de aumentar a amplitude disponível de uma articulação, com mais ou menos intensidade, consoante o objectivo pessoal ou do desporto praticado e também para aliviar a dor da rigidez muscular e melhorar a performance desportiva (Shrier & Gossal, 2000). O método para alongar poderá ser ainda feito de forma: estática, que é a forma clássica em que o alongamento é mantido no tempo ou dinâmico em que é executado de forma conjunta enquanto se executam movimentos específicos que normalmente estão relacionados com o treino.
A evidência actual sugere que os alongamentos, aplicados ou não em combinação com o aquecimento, não alteram a incidência de lesões desportivas (McHugh MP, 2010) (Behm, Blazevich, Kay, & McHugh, 2016) embora os resultados das últimas revisões dão conta de serem inconclusivos (Hume P, 2004). Quer isto dizer que realizar alongamentos com vista a minimizar lesões desportivas poderá ser ineficaz, mas não está totalmente posto de parte a hipótese de prevenirem lesões.
Em relação á performance desportiva, os resultados dos alongamentos podem ter efeitos na força muscular. Parece que imediatamente após o alongamento existe uma diminuição da força muscular (Rubini, Costa, & Gomes, 2007) e em relação á performance desportiva, fica afectada mas de forma muito pouco significativa.
Quer isto dizer que, se o objectivo for a prevenção de lesões, a evidência científica não aponta nesse sentido. Em relação á performance desportiva ela não ficará afectada de forma significativa se forem feitos alongamentos antes da actividade.
Contudo, os alongamentos são importantes para a prática desportiva quando a mesma necessita de maiores amplitudes articulares. É consensual realizar a flexibilização sempre depois de um aquecimento pois os resultados são mais favoráveis. Se realizado de forma estática, o alongamento deverá ser mantido pelo menos 60 segundos para ter resultados (Shrier & Gossal, 2000). O alongamento dinâmico é a escolha mais correcta para o aumento de amplitude articular e, embora com resultados pouco expressivos, nalguns estudos previne lesões sem afectar o desempenho desportivo (Behm et al., 2016).
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