Moreira da Silva
É cada vez mais evidente o afastamento dos cidadãos da vida política, o descrédito nas instituições, os laços de solidariedade que se enfraquecem, os partidos políticos que se fecham sobre si mesmos e funcionam de forma pouco transparente e muito centralizados na figura do líder, a seleção dos deputados que é quase monopólio das cúpulas partidárias. Tudo isto, e não só, tem fragilizado a democracia, que continua a dar sinais de ter entrado numa profunda agonia.
A história da democracia é marcada por períodos de avanços e recuos, mas é interessante verificar que o remédio para as maleitas da democracia estão fora do receituário económico e financeiro: o remédio está dentro da Política. Por isso é que é um ato de Cidadania darmos os nossos contributos, pois está nas nossas mãos a regeneração da Democracia!
O que repugna muitos cidadãos não é a política. A política é altamente nobre e até pode ser exaltante. O que repugna muitos cidadão é apenas certa política e certos políticos. E a democracia o que precisa é de melhores políticos.
Deveria existir um verdadeiro pacto de regime entre os partidos que se queiram regenerar e a sociedade civil, para ser repensado o sistema eleitoral, o funcionamento e o financiamento dos partidos, mas também o exercício do poder e o papel importante da oposição, pois todos os partidos são importantes, para além das práticas normativas e da ética, que tenha como base a ação humana na política. A regeneração da política deve ser uma regeneração mais ética do que técnica.
A democracia não se esgota nos partidos políticos, pois há mais vida democrática para lá dos partidos, que são povoados por elites políticas que se esquecem para o que foram eleitos, principalmente fora dos períodos eleitorais. Só não se esquecem é dos seus familiares, amigos e apaniguados. Muitos deles são uns “figurões” que vão ajudando a aniquilar a democracia.
Como tem acontecido no passado é sempre o povo a pagar os desmandos de certos políticos e de muitos outros «figurões», que proliferam no mundo da política, como vermes famintos de sede que chafurdam nas poças efémeras do compadrio, da fraude e da corrupção. São os tais políticos, que estão impregnados de ideologia arcaica e são hábeis no “chico espertismo”. Estes “figurões” estão a aniquilar a democracia, com o beneplácito dos seus partidos. É tudo “gente boa”!
Atualmente, o divórcio existente entre os cidadãos e a política é nefasta para a democracia e abre as portas a certos “figurões” e a certas elites políticas. A democracia não é perfeita, nem pouco mais ou menos, mas nós também não somos, por isso é necessário defender a democracia para a melhorar e nunca para a aniquilar.
Não se pode esquecer que o principal remédio disponível para regenerar e desenvolver a democracia está dentro da política, embora seja óbvio que o populismo que tem vindo a alastrar um pouco por todo o mundo seja a principal ameaça às democracias. Está nas nossas mãos a regeneração da Democracia. É urgente, antes que seja tarde demais!