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RESENDE, TERRA DAS GENTES

Raquel Evangelina

“Andas sempre fora. Um sítio tão bonito como este e nem dás valor!”  Das frases que mais ouço esta está no Top 3. E esta é das que mais digo “O facto de viajar não quer dizer que não dê valor à minha terra, pelo contrário valorizo ainda mais o meu cantinho.”  Vivo em Resende. Como já sabem. É um sítio pequeno, que alguns podem acusar de estar aquém a nível de desenvolvimento, mas não podem dizer que não se tem lutado para que isso mude. Não obstante apesar de sermos pequenos somos grandes em muita coisa.

Conhecem a “Ilustre Casa de Ramires”? Quem não conhece de certeza que por estes dias ouviu falar. Pois bem é em Resende. Foi também em Resende que o Padre Amaro, outra personagem do Eça de Queirós, começou o sacerdócio mais concretamente em Feirão. Ah, e a Quinta de Santa Clara dos Maias também era cá. Quem fala no Eça, fala em outros escritores. Mas Resende não é só escrita.

Temos as primeiras cerejas do país. E que doces que elas são. Temos também as cavacas, doces também, mas mais prejudiciais à linha. No entanto fecha-se os olhos porque ir a Resende e não comer uma cavaca é mais imperdoável que ir a Roma e não ver o Papa. Temos o anho assado e o arroz do forno, e eu apesar de não ser fã da iguaria não lhe posso negar a qualidade ou não fosse ela tão afamada.

Somos aquele lugar onde toda a gente conhece toda a gente, o que por vezes é mau, mas também tem as suas vantagens. Nunca ficamos na mão. Se nos falta algo alguém empresta, ou dá. Sabemos bem receber e temos sempre um sorriso e uma informação a quem precisar. Somos tão simpáticos e prestáveis que quem está de fora até desconfia. Fiquem descansados. Se alguém parar para vos dar boleia muito provavelmente é com esse intuito e não o de vos raptar e pedir um resgate. Calma! Temos sotaque, falamos “axim” e dizemos “eternaménte” mas asseguro que é tudo charme. Faz parte da nossa identidade e quem goza com isso não é superior a nós, é apenas e só, sem ofensa, “totó”.

Resende é a terra do Eng. Edgar Cardoso, construtor da Ponte da Arrábida no Porto. É a terra de Manuel Borges Carneiro, um dos heróis dos acontecimentos políticos de 1820 no nosso país. É a terra de José António Pereira, jornalista da RTP que no ano passado na Tragédia de Pedrogão ficou muito conhecido por com apenas 24 anos mostrar muito mais profissionalismo que vários senhores e senhoras do Jornalismo na reportagem daquela semana negra. (Ah e é meu amigo do peito, digo eu orgulhosa). É a terra de muito boa gente que menos famosa não deixa de ter grandes feitos. É até a terra do galo das “1001 Noites”. Barcelos tem um galo famoso e nós não ficamos atrás. Aliás o nosso até tem um prémio de Cannes. (Resende 1 – Barcelos 0)

Temos vários monumentos na Rota do Românico, dos quais destaco o Mosteiro de Santa Maria de Cárquere onde supostamente o primeiro rei de Portugal foi curado. Temos pontes romanas, monumentos megalíticos e miradouros com paisagem arrebatadora, de tão bonita e de tanta magnitude. Temos calor abrasador no Verão, o que é convidativo para uma tarde nas piscinas, no rio e nos nossos parques de merendas. Já no Inverno como privilegiados que somos temos neve, temos também um gelo e uma temperatura tão agradável que até apetece sair de casa com a cama arrasto. Tão bom! Temos associações culturais, temos uma terra com duas bandas de música que se diz que cada vez que nasce uma criança nasce um músico, temos imensa tradição de etnografia e folclore. Temos associações ambientais, sociais e desportivas. Temos águas com poder terapêutico. Temos vinho, como é que possível que me estivesse a esquecer do vinho? Logo o nosso tão apreciado sempre que o apresentamos no estrangeiro.

E acima de tudo isto, que já não é pouco, temos uma mística. A mística de que quando as pessoas cá vêm acabam sempre por voltar. É isso ou então é a fonte da água do Bulho que os enfeitiça para tal. Portanto não me digam que não sei valorizar Resende e que só viajo. Sei valorizar sim, senão nem me dava ao trabalho, se bem que foi um gosto, de escrever um texto assim. Valorizo mais que muita gente que não sai da terra, mas também só sabe destilar o ódio e apontar dedos à forma como a mesma é governada.

E termino dizendo que também temos coisas más. Não somos nenhum paraíso. Mas temos imensa coisa boa. E nada melhor para vos apresentar que este vídeo promocional no qual em 1 minuto e pouco ficam a conhecer a nossa paisagem, as nossas gentes, a nossa cultura, o nosso mundo. E desafio-vos a virem até cá.

“Desperte. Em Resende o sonho é realidade”

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