Rita Teixeira
Quantas vezes, questiono me sobre a minha pessoa e constantemente deparo me com respostas diferentes, dependendo do estado de espírito em que encontro me.
De cada vez que faço esta questão, há sempre duas respostas.que tenho a certeza absoluta que serão uma verdade na minha curta duração da vida que a doença roubará de mim.
Sou gente como qualquer gente normal, embora a doença Esclerose Lateral Amiotrófica faça de mim uma pessoa diferente das outras pessoas.
Mesmo com E.L.A, eu adoro viver, porque ainda vejo quanta beleza e prazer há na vida! Para a minha sobrevivência, criei um mundo só meu, no qual eu sonho para fugir à triste realidade de uma sociedade que trata a gente com algum preconceito.
Nos últimos tempos, caí num estado de total apatia e a letargia invadiu o meu interior, quebrando as minhas forças, permitindo que a doença saia vitoriosa em mais uma batalha na guerra declarada à doença maldita!
Afinal, quem sou eu?
Uma mulher que faz as suas escolhas, independentemente daquilo que os outros julguem o meu comportamento.
Uma mulher que fecho me no meu mundo e não faço os que os outros querem que eu faça.
Não ouço aquilo que os outros dizem sobre mim.
Não conto o que vai na minha alma, para não ouvir as represálias que fazem sofrer.
Quem sou eu!
Uma pessoa que já cansou se à espera de receber um gesto de carinho ou de escutar alguma palavra de incentivo ou um elogio daqueles que mais amo.
Uma pessoa que reconhece ser de um convívio nada fácil para os outros.
Uma pessoa com um génio muito forte, que prefere não ter imensos amigos, mas honestamente gosta de sentir que os que tem são os mais verdadeiros.
Uma pessoa que ama a vida e não quer parar de lutar por mais um pouco tempo de vida.
Bom, não sei quem sou eu.
Alguém diz quem sou eu?