Cidália Pinto
Quando eu era pequena, na fase da escola primária, vinha passar quase todos os fins-de-semana à casa dos meus avós maternos.
Na altura residíamos em Gandra, mas eu frequentava cá a catequese.
Como tal, muitas vezes os meus tios traziam-me à sexta-feira, e depois regressava com os meus pais, quase sempre ao domingo.
Nesses fins-de-semana, em casa da minha avó, entre brincadeiras e algumas asneirolas, também ajudava.
Uma das tarefas que nos cabia, era a de ir à lenha, que seria para a lareira e para o forno.
Hoje, fui com a minha mãe à lenha, e essas recordações assolaram-me o pensamento.
O meu filho andava de bicicleta, na estradinha em terra batida, que ladeava a zona onde apanhávamos pequenos galhos e troncos mais fininhos.
– “Quando eu era pequena, e vínhamos à lenha, não encontrávamos nada disto. Nem as tonas (cascas) do eucalipto”. Hoje em dia, isto é “lixo”.
Referiu a minha mãe.
É verdade, as gerações mais tenras não saberão o que é apanhar galhos, nem o que é trazer uma vara de eucalipto ao ombro, e acharmo-nos os miúdos mais fortes do mundo.
Nem o que é o fumo de uma cozinha de lenha, e a porta de um forno “lacrada” com farinha.
O futuro é bom, mas o progresso, talvez não seja tão “progressista”, quanto pensamos.
O passado deixa saudades.
Apanhar pinhas para acender o fogão de lenha ! Apanhar tonas…sim! Fazer carrupios e pinta-los com amoras ! Ai , ai tempo de pés descalços !