Antonieta Dias
Este tema tantas vezes referido, continua a não ter resposta pois os investimentos necessários para que exista uma Coesão Social, continuam esquecidos e cada vez constatamos que o distanciamento politico desta causa tão nobre continua a ser cada vez maior.
Será que o termo de Coesão Social é confundido com Fobia Social?
Sem dúvida, que o medo, apesar de ser uma emoção simples não deve ser menosprezado, pois não traduz cobardia.
Circunstancias há em que o ser humano necessita de experienciar o medo para se proteger e defender funcionando assim como uma emoção adaptativa e protetora da vida.
Certo é que o medo muitas vezes nos impede de manifestar os pensamentos, bem como delinear estratégias úteis ou até de publicar artigos que apesar da sua importância ficam retidos no nosso manual de orientação mental, porque temos receio de ser mal interpretados ou mesmo prejudicados.
O conceito de Coesão Social envolve obrigatoriamente a saúde como um dos pilares mais importantes.
Não existe modelo social, muito menos coesão se não tivermos um Sistema Nacional de Saúde que proteja e trate a pessoa com a dignidade e qualidade científica exigível para cuidar, tratar e curar.
Desde 7 de Abril de 1948, que a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu o conceito de saúde, tendo mantido ao longo destes anos campanhas de combate às doenças, patrocinando investigações científicas e campanhas de prevenção e promoção da saúde com o objetivo de elevar os padrões mundiais de saúde das populações.
Está mais que comprovado que a prevenção é a melhor forma de combater o flagelo de muitas doenças como por exemplo o Acidente Vascular Cerebral (AVC), que representa uma das principais causas de morte e de incapacidade permanente na população geral.
Todavia, em Portugal nestes último anos, devido às medidas de austeridade que têm sido adotadas, o modelo social que levou décadas a construir tem vindo a degradar-se completamente devido ao desinvestimento crescente dos responsáveis políticos por esta área tão sensível que afeta todos os portugueses.
Infelizmente a Saúde deixou de ser uma prioridade para os responsáveis políticos que consideram mais importante investir milhões de Euros na recuperação de Bancos desastrosamente geridos em vez de salvar vidas ou de minimizar o sofrimento dos pacientes.
Deixou de se investir na profilaxia das doenças, na dotação institucional de profissionais de saúde, na manutenção das Unidades de Saúde (Hospitais e Unidades de Saúde Familiares, na criação de Lares para a institucionalização das pessoas Seniores (cuja carência de locais de alojamento para idosos é cada vez mais escassa, grande parte delas não reúne condições económicas para integrarem Instituições particulares), nas Unidades de Cuidados Continuados, na Investigação Clinica, na comparticipação de medicamentos de marca, cuja patente é reconhecida como a mais indicada e mais segura nalguns casos, coartando assim a liberdade do doente na opção terapêutica.
Assistimos a uma restrição cada vez maior do acesso aos fármacos porque as farmácias deixaram de ter disponíveis muitos medicamentos.
Exportamos medicamentos, e deixamos os nossos doentes privados de terapêuticas indispensáveis porque não conseguimos ter sustentabilidade económica para manter os stokes nos Hospitais e nas Farmácias.
Racionamos Vacinas, não cumprimos o Plano Nacional de Vacinação, gastamos mais para tratar do que para prevenir.
A dívida na saúde tal como a dívida pública cresce de forma assustadora deixando vazios os pilares de segurança e de defesa da cidadania.
Em suma, não conseguiremos sobreviver mito mais tempo se não invertermos a muito, muito curto prazo os poderes de decisão para a Coesão Social.