José Castro
Todos nós estamos inseridos numa família. Seja a biológica ou não, monoparental, homoparental, comunitária, múltipla, flutuante, nuclear tradicional etc, todos precisamos de alguém para a nossa sobrevivência! Nascemos necessitados de cuidados e frequentemente “morremos” igualmente na mesma situação. Mais importante do que a tipologia da família é a qualidade do ambiente vivido nas relações parentais, como símbolo da presença ou não de relações de afeto e respeito entre os envolvidos. Assim, teremos famílias estáveis/funcionais e famílias instáveis/não funcionais. Estas, segundo alguns autores, poderão ser famílias rígidas/autoritárias, super-protetoras, permissivas, centradas nos filhos, centradas nos pais, etc, todas com consequências mais ou menos negativas! Da comunicação social, infelizmente, temos conhecimento de inúmeros casos de situações de homicídio em contexto familiar, quer de pais que matam os filhos, quer de filhos que matam os seus pais e quer da morte provocada por um dos companheiros, sejam estes homens ou mulheres. Só este ano já foram presas 618 pessoas por violência doméstica!
A família não está a cumprir a sua missão! A família, não está alicerçada afinal no elemento base da sua constituição: O amor. Ou melhor dizendo, muitos desses atos de violência são alegadamente justificados pelo “amor” só que o conceito encontra-se totalmente distorcido! Assim, o “amor” baseado na posse, no domínio, na coação, chantagem, na violência etc, jamais pode fazer parte da construção de uma família. A velha ideia de que com o tempo o outro muda é pura ilusão! Infelizmente, o ser humano quando em “piloto automático,” geralmente apenas potencia os seus desejos, as suas tendências, diminuindo os seus filtros… e quanto mais consegue o que deseja mais intensifica a sua ação! Infelizmente, a maioria das pessoas está com vontade apenas de mudar o outro! Pais querem mudar filhos, filhos querem mudar pais, irmãos querem mudar irmãos, parceiro quer mudar parceiro….e no fim…ninguém muda! Todos reclamam…e fica tudo igual ou pior!
Mas será possível uma mudança na qualidade dos relacionamentos no âmbito familiar? Claro que sim!. Mas essa evolução (e não mudança) tem que ser desejada por todos os envolvidos! Essa consciência individual e coletiva da necessidade de pazear requer trabalho, persistência, entusiasmo em prol de um sonho/resultado que é pretendido por todos.
Temos urgentemente de nos munirmos de um conjunto de competências relacionais que nos permita ultrapassar as dificuldades dentro da família.
Afinal família não é necessariamente a de “sangue” mas sim aquela onde há Amor! Família é aquela onde todos os envolvidos (e muitas vezes não só humanos) possam coexistir amorosamente, aprender e evoluir rumo à sua realização pessoal e profissional.
Família mesmo, é aquela que ultrapassa a dimensão terrena, é aquela onde após a morte (desencarnar) de um elemento, este continua no plano espiritual e nos receberá aquando da nossa chegada!
Afinal, jamais ficamos “livres” daqueles que amamos!