Rui Canossa
Em 1995 um grupo de amigos entusiastas do ténis reuniu-se num café da cidade de Amarante para fundar o Clube de Ténis de Amarante. Desse pequeno grupo alguns ainda fazem parte do Clube. Eu estou desde o início, primeiro como tesoureiro e mais recentemente como presidente do Conselho Fiscal e, por isso, posso dizer com propriedade, que nunca pensei que estaria envolvido num torneio internacional feminino de 15 000 dólares, com repercussão nos meios de comunicação social, como no site Tennis Ireland, jornais ou televisões.
As coisas foram evoluindo, se há 24 anos os torneios que organizávamos eram sobretudo para os miúdos da formação, lembro-me de ir buscar bicos de pato com queijo e sumos para fazer um lanche com todos, hoje os torneios de veteranos e o Amarante Ladies Open envolvem outros meios muito maiores.
O torneio de veteranos arrasta um tipo de jogador que adora ténis e onde a idade não é um problema. E trazem a família, os de mais longe, alojam-se em Amarante com todo o efeito de arrastamento na economia local. É a restauração, o alojamento, as animações turísticas, porque estes senhores têm algum conforto económico e sabem aproveitar o que de bom a vida tem.
No fim-de-semana passado, teve lugar a final do XV torneio Amarante Ladies Open, o torneio em Portugal como mais edições consecutivas, quinze, já que há torneios mais antigos, mas por esta ou aquela razão interromperam. E a principal razão é a falta de recursos e apoios.
O Amarante Ladies Open tem-se mantido a muito esforço. Sem o apoio da Câmara Municipal e da União de Freguesias era impossível. Os patrocinadores são parceiros fundamentais, têm dado do seu contributo de forma a que o torneio se mantenha.
Mas, não chega, há que apoiar o Clube. E não estou a falar da Câmara ou da União de Freguesias, porque esses estão sempre lá, falo da iniciativa privada. Muitos já perceberam que se têm os hotéis, os hostels, os alojamentos locais, os restaurantes, os bares, os táxis, os carros de aluguer, os uber cheios, têm de ajudar de alguma forma, outros não se preocupam, alguém há-de pagar.
Em economia isso tem o nome de free rider, aquele que beneficia sem fazer nada por isso, os outros que façam que eu aqui estou para receber os dividendos do trabalho e sacrifício pessoal dos outros. Sim, sacrifício pessoal. Há pessoas que tiram férias dos seus empregos, sacrificando as suas merecidas férias, para estarem de corpo e alma nos torneios. Não vou referir os nomes porque não tenho autorização. Então, não tenho que ajudar o Clube? O diretor tem que andar sempre a lembrar o patrocínio prometido e não entregue?
Porque meus amigos, se não houver condições financeiras para um torneio de qualidade reconhecida e sem meios que dignifiquem o Clube, a cidade e os seus elementos, não há torneio!
Vamos lá refletir sobre isto.