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Cidadania e Sociedade

A DOENÇA DO PODER

Moreira da Silva

Os partidos políticos são instituições importantes na organização do Estado de Direito e no desenvolvimento da democracia, só que são estruturados à volta de muitos indivíduos com ambição desmedida, com comportamentos desviantes e personalidades moldadas pela ganância exacerbada. Estes políticos alimentam-se do egoísmo, da corrupção, do nepotismo, da manipulação e como o seu objetivo é o sucesso pleno e absoluto adquirem o espírito maquiavélico e a obsessão pelo poder.

Estes habilidosos da política quando chegam ao poder são atraídos por várias doenças sendo a principal a obsessão cega pelo dinheiro e a mais problemática a Síndrome de Húbris, a doença do poder, que é uma moléstia adquirida pelo exercício do poder e pelo seu deslumbramento, potencialmente perigosa de excesso de ambição, excesso de confiança, vaidade, ganância e arrogância. Os políticos quando atingidos por esta doença têm tendência para ver os outros como simples instrumentos ao serviço do poderoso, como se todo o mundo estivesse a seus pés.

Instalados na cadeira do poder, estes políticos medíocres rodeiam-se dos afilhados, de seguidores apaixonados, de carreiristas medíocres do partido, de yes-men, de ovelhas acríticas que recurvam o espinhaço à passagem do líder de plástico insuflável pela ganância, pelo nepotismo e pela obsessão do poder. Estes políticos levam uma vida frenética e febril, mas como querem sempre mais e mais, para saciarem a ansia que os atormenta fazem discursos inflamados, vazios de conteúdo, autênticas verborreias embelezadas de slogans e frases da moda adaptados à espuma do tempo e encomendados a uma qualquer agência de comunicação.

Quando o povo lhes empresta o voto e fica refém do seu próprio equívoco, estes sanguessugas da política conseguem atingir os seus objetivos, mas depressa se esquecem de quem os sentou na cadeira do poder e passam a orientar a política para a sua conta bancária e a reduzir o povo à sua insignificância, com o seu sorriso e o seu sarcasmo escatológico e só se voltam a lembrar do povo quando precisam do seu voto para continuarem a aquecer o traseiro na cadeira do poder. Estes políticos que se vendem por um prato de lentilhas são defeituosos de carácter, detestam a impopularidade e não tomam decisões difíceis, mesmo tendo condições propícias para mudar estruturalmente o que está mal, só que quando são confrontados com os problemas assobiam para o lado e empurram com a barriga para a frente.

Estes bolorentos políticos de pacotilha que se pavoneiam pelos corredores do poder, com a sua personalidade narcisista e os seus egos maiores que os seus projetos vivem de mentiras reconfortantes e fogem a sete pés dos desafios e das verdades inconvenientes e nos debates ou entrevistas, perante questões incómodas, utilizam frequentemente o tradicional nem sim, nem não, mas talvez. É por isso que adoram vomitar expressões desconexas saídas de gastroenterites mentais dando origem a diarreias eloquentes acreditando que assim conquistarão o mundo.

Vaidosos e gananciosos, egoístas e corruptos, medíocres e balofos, arrogantes e mentirosos que até sabem tudo sobre nada são alguns dos epítetos com que estes políticos peritos em sacudir a água do capote são brindados pelos cidadãos, pela sua postura maquiavélica e obsessiva pelo poder. Mais do que qualquer outra reforma, a reforma de mentalidades é urgente e fundamental. Para bem de Portugal!

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