Em finais de Julho foi lançado o programa “Regressar” que tem como objectivo incentivar os Emigrantes Portugueses a voltarem ao seu país de origem. Nas redes sociais o debate tem sido aceso e com muita desconfiança. Se por um lado alguns cidadãos que vivem em Portugal argumentam “que não é justo que para quem fica não há nada”, já os emigrantes olham com grande desconfiança para estes programas e argumentam “com tantos critérios, nenhum emigrante é incluído”.
Se os argumentos até têm em parte sentido, é fundamental perceber o problema e o porquê da urgência destes programas. Portugal tem uma das taxas de natalidade mais baixas e desde 2010 a sua população decresceu 3%. As políticas de natalidade para inverterem a tendência decrescente da população residente em Portugal só têm resultados no longo prazo, mas atrair em especial os emigrantes que ainda estão no activo, qualificados e no qual os seus filhos já nasceram no estrangeiro poderá ter resultados mais imediatos. Por isso, o programa Regressar vai na direcção correcta e deve ser elogiada.
Apesar de também concordar que os critérios de abranger apenas quem tenha emigrado até 2015 e da exigência de se ter um contrato sem termo, quando sabemos que infelizmente a lógica em Portugal é os contratos a termo ou mesmo os recibos verdes, precisam de ser avaliados a sua eficácia e talvez deverão ser revistos no futuro. Acho, que apesar de tudo o Governo está a tentar fazer a sua parte, com os benefícios fiscais e programas de transição para o regresso de emigrantes, mas também tenho a perfeita noção que é preciso fazer muito mais para atrair os emigrantes qualificados e que se sentem realizados profissionalmente fora de Portugal.
Um rendimento médio anual em 2018 de apenas 12.000€ (metade da média da zona euro), uma prática corrente de contratos precários, salários estagnados, trabalhos sem perspectiva de carreira, horários de trabalho longos e muitas vezes sem hora fixa de saída, também não são muito estimuladores. É urgente mudar a cultura existente em Portugal, em que um bom trabalhador é aquele que fica a trabalhar depois do horário de trabalho. Nos países desenvolvidos não existe esta cultura e o bom trabalhador é aquele que atinge os objectivos. O equilíbrio entre o trabalho e a vida fora dele são fundamentais para a productividade no trabalho, como para a construção de sociedades harmoniosas e equilibradas.
É fundamental haver tempo para o lazer e a família. É importante valorizar o bom colaborador e proporcionar desenvolvimento de carreira a todos os níveis hierárquicos das organizações. O salário mínimo, deve ser entendido que é o mínimo que se recebe quando se começa a trabalhar, não um “salário normalizado” que se paga à maioria no inicio e no fim da sua carreira. Apoiar formação ao longo da vida, para que ninguém fique excluído. Precisamos também de estimular a flexibilidade de horário não apenas para a entidade empregadora mas para o colaborador, de forma a que possa conciliar o trabalho e a família. Incentivar as empresas que disponibilizem a possibilidade de trabalho a part-time, ou mesmo parte do trabalho seja feito em casa, nos empregos que isso seja possível. Se queremos contrariar a tendência decrescente da população residente em Portugal, é fundamental que todos façam a sua parte, para que os EMIGRANTES REGRESSEM, pois PORTUGAL PRECISA DE VOCÊS!