Carla Guimarães Cardoso
A rinite é definida como uma inflamação da mucosa nasal. É caracterizada pela presença de pelo menos dois dos sintomas: espirros, prurido nasal, obstrução nasal e rinorreia.
A causa mais frequente de rinite é a alergia.
A rinite alérgica atinge aproximadamente 20% da população. Tem-se verificado um aumento da sua prevalência em todo o mundo estimando-se que atinja 10 a 30% dos adultos e 40% das crianças.
Apesar de são ser uma doença que coloque em risco a vida do doente tem um impacto significativo na sua qualidade de vida podendo estar associada a complicações e coexiste frequentemente com a asma.
A rinite alérgica caracteriza-se por uma inflamação da mucosa de revestimento do nariz, olhos, trompa de Eustáquio, ouvido médio, seios perinasais e faringe. A mucosa nasal está invariavelmente envolvida.
Este processo inflamatório é desencadeado por uma resposta imunitária envolvendo a imunoglobulina E em relação a um agente externo (alergénio). Este mecanismo tem uma componente genética. Assim, em indivíduos susceptíveis, a exposição a determinado alérgeno (proteína extrínseca capaz de desencadear uma reacção alérgica) induz uma sensibilização com produção de imunoglobulina E específica contra essa proteína. Esta imunoglobulina E específica vai por sua vez ligar-se a células presentes na nossa mucosa nasal (mastócitos). Quando o alergénio é inalado liga-se a este complexo Ig E específica – mastócitos desencadeando um conjunto de reacções, umas imediatas e outras tardias (ocorrem 4 a 8 horas após a exposição), que levam á libertação de mediadores inflamatórios (histamina, triptase). São estes mediadores os responsáveis pelos sintomas da rinite alérgica.
A rinite alérgica em regra manifesta-se antes dos 20 anos, 80%.
A rinite é classificada como intermitente quando os sintomas ocorrem menos de 4 dias por semana ou menos de 4 semanas por ano. Caso contrário é classificada como persistente.
No estudo da rinite alérgica é importante determinar o padrão temporal dos sintomas ao longo do ano, todo o ano ou sazonal, e ao longo do dia, todo o dia ou ao acordar e deitar. Estes dados podem apontar-nos o alergénio responsável pelos sintomas.
Os principais alérgenos para a rinite alérgica são:
– pólens árvores, gramíneas e ervas infestantes,
– fungos (bolores) como o Aspergillus, Alternaria,
– ácaros (Dermatophagoides farinae, dermatophagoides pteronyssinus),
– animais (gatos e cães).
A confirmação da rinite alérgica implica a realização de exames que determinam se há uma resposta imunitária mediada pela IgE e qual o alergénio que a desencadeia. Podemos fazer testes cutâneos em que é feita inoculação percutaneo de extracto de alergénio – Prick test ou determinar laboratorialmente a presença no sangue da IgE específica – RAST.
A determinação do alergénio permite adoptar medidas de evicção. No caso de ácaros arejar o quarto, desumidificar e remover carpetes, cortinados e todos os objectos que permitam a acumulação de pó. No caso de animais a forma mais eficaz é a evicção completa.
O control sintomático é efetuado recorrendo a anti-histamínicos, corticoides tópicos nasais e corticoides sistémicos em casos graves.
A imunoterapia específica tem por objectivo dessensibilizar o doente de modo a que a exposição ao alergénio deixe de desencadear uma resposta imunológica. Tem uma taxa de sucesso entre 80 a 90%, dependendo do alergénio e os seus efeitos são notórios em regra 6 a 12 meses após o início do tratamento. Para máxima eficácia deve ser mantido 3 a 5 anos.
A imunoterapia específica está indicada em doentes com sintomas severos, má resposta ao tratamento ou com comorbilidade ou complicações associadas.