Carla Guimarães Cardoso
Epistaxis define toda a hemorragia com origem na cavidade nasal. É em geral auto-limitada e de pequeno volume.
É mais frequente no sexo masculino e no idoso.
A epistaxis pode ser provocada por factores locais (exclusivamente nasais) ou por factores sistémicos (afectam todo o corpo).
Os factores locais mais frequentes são os provocados por traumatismo, quer seja acidente ou traumatismo repetido, por exemplo o retirar crostas e secreções do nariz, ou pós-operatório, ou provocado pela aplicação de corticoides tópicos.
São também factores locais causadores de epistaxis os desvios e os esporões do septo nasal e as perfurações septais. As doenças inflamatórias locais como a rinite alérgicas ou as infecções das vias aéreas superiores podem também provocar epistaxis.
Embora menos frequentes os tumores nasais, quer os benignos ou os malignos podem apresentar como primeira manifestação a hemorragia nasal.
As causas sistémicas mais frequentes são as relacionadas com alterações da coagulação (por doença hematológica ou por uso de medicamentos anticoagulantes ou antiagregantes)e as doenças vasculares e circulatórias (hipertensão arterial, aterosclerose).
De acordo com o ponto de origem a epistaxis pode ser anterior, superior ou posterior. As epistaxis anteriores são mais frequentes nas crianças e em regra são de fácil controlo. Têm origem na área vascular de Kiesselbach.
As epistaxis superiores têm origem nas artérias etmoidais e seus ramos e as posteriores no tronco e ramos da artéria esfenopalatina. Estas últimas são de mais difícil controlo e com maior volume de hemorragia. São mais frequentes no idoso.
O tratamento da epistaxis passa por perceber se há factores sistémicos associados e a sua correcção, por exemplo controlar a tensão arterial. Aferir do estado hemodinâmico do doente, ou seja, tentar perceber a quantidade de sangue perdido e se tem repercussões no estado do doente (tensão arterial, frequência cardíaca). E em determinar a localização da hemorragia de modo a adoptar o procedimento mais adequado.
Em epistaxis anteriores de pequeno volume deve-se colocar um tamponamento (algodão embebido em água oxigenada) na fossa nasal em que a hemorragia tem origem e comprimir durante 7 a 8 minutos. A cabeça deve manter-se sempre baixa, ou seja, olhar para os sapatos. Terminados os 8 minutos o tamponamento pode ser retirado. Se a hemorragia se mantiver deve ser feito novo tamponamento e comprimir novamente durante 8 minutos. Neste intervalo de tempo deve-se tentar arrefecer a região nasal ( colocar gelo sobre o nariz ou uma pedra de gelo contra o céu da boca). Se a hemorragia persistir é necessária a observação por otorrinolaringologista.
Em situações mais recidivantes pode ser efetuada a cauterização do ponto sangrante sendo por vezes necessário efetuar posteriormente um tamponamento.
Quando estas medidas não são suficientes ou não estão indicadas são efetuados tamponamentos com dispositivos médicos específicos. Estes devem ser colocados sempre por um otorrinolaringologista.
Na semana seguinte deve ser evitada a exposição ao calor de forma a minorar o risco de recidiva.
Em situações limite, mas felizmente muito raras, pode haver necessidade deproceder a uma embolização ou à laqueação do vaso envolvido.