Rui Canossa
As férias ainda agora acabaram e já só penso na minha próxima viagem. E como professor de turismo pus-me a pensar nas outras profissões, que uma pessoa pode ter, onde viajar pode ser uma parte importante do trabalho. Existem pelo menos seis profissões para quem gosta de viajar.
A primeira é a de guia turístico. Estes profissionais do turismo são os grandes responsáveis por apresentar a cultura e a história de cada região. Dentro desta premissa, podemos encontrar trabalhos especializados em gastronomia, ecoturismo património, negócios ou eventos, por exemplo. Há dias numa visita de estudo a Guimarães, que está cada vez mais turística, encontrei uma guia que me confidenciou ganhar cerca de 6 mil euros por mês. É claro que é uma atividade sazonal e a maior parte dos guias trabalham em regime de contrato a termo incerto, mas o ganho compensa. Há uns anos uma guia no Douro afirmava ganhar 150€ por dia nos barcos. Parece-me bem. Para esta profissão é preciso competências de comunicação (para a partilha de conhecimento), organização (na gestão de tempos, horários, recursos, etc…) e adaptação (de forma a responder às diferentes necessidades dos clientes).
Outra profissão que leva os profissionais a viajar é a de fotógrafo. Os trabalhos de jornalismo, comunicação ou publicidade podem envolver, frequentemente, deslocações e estadas. De acordo com o Instituto Português de Fotografia, um fotógrafo deverá aliar ao conhecimento técnico, capacidade de comunicação (na elaboração dos portfólios e no relacionamento com o cliente) e gestão (na elaboração de orçamentos sustentáveis, mas competitivos). Isto claro, sem esquecer a criatividade e inovação que marquem a diferenciação no seu trabalho.
Uma profissão apelativa para muitos jovens e para quem gosta de viajar é o de comissário de bordo. Esta é a profissão que ganha o campeonato dos quilómetros percorridos e que zela pela segurança e bem-estar de todos os passageiros e tripulação de um avião. Para além de existirem requisitos físicos (altura mínima ou máxima boa forma física e ausência de tatuagens e piercings visíveis por exemplo, é exigido o domínio da língua inglesa. Por outro lado, saber conjugar competências de comunicação, autocontrolo e autoridade será decisivo para um bom profissional nesta área.
Tradutor/ intérprete. São dois em um, eu sei, enquanto que o tradutor trabalha sobretudo com livros revistas e outros documentos, o intérprete funciona como um elo de ligação, através do discurso oral, entre pessoas de línguas diferentes. Estes profissionais podem fazer edição de publicações, comércio, diplomacia ou atividade turística. Para além disto têm de conhecer a cultura associada.
Alguns dos meus alunos mostram-se interessados em Relações Internacionais (RI), que é mais uma área do que uma profissão, isto porque os RI podem trabalhar e ocupar ambientes e cargos muito diversos que passam pela representação de empresas, instituições ou mesmo nações. O foco está em mediar ou conduzir as relações entre entidades de diferentes países. Gostar de viajar é importante, mas, têm de gostar de História, Geografia, Economia e Línguas, bem como estar informado sobre a realidade política, social e económica das várias regiões e países. Do ponto de vista das competências é importante ter pensamento estratégico, bem como capacidade de resolver conflitos e de estabelecer redes de contactos e criar empatia.
“Last but not the least” o técnico de logística. A presença neste apanhado de profissões ligados ao turismo vai surpreender o leitor, pois, este profissional poderá viver praticamente em viagem. Isto porque esta área de atuação ocupa-se das deslocações, por vezes muito complexas, de produtos, muitas vezes acompanhando o processo de distribuição, de forma a reduzir custos e o tempo dos processos, como o armazenamento, os transportes e o pagamento de impostos.
E assim juntei o útil ao agradável. Falei de uma das minhas grandes paixões, que é viajar, e, por outro lado abordei algumas das profissões, que os jovens que tenho à minha frente no começo dos seus sonhos e paixões, tantas vezes me questionam. Não se esqueçam que viajar é a única felicidade que se pode comprar.