Sónia Veloso Lima
“A quem sinta necessidade de legitimamente exercer o seu direito de reclamar é aconselhável primordialmente, retratar os acontecimentos que desagradaram da forma mais adequada e verdadeira possível, evitando excessos de linguagem, adjetivos potencialmente ofensivos e juízos de valor deselegantes.”
A Sociedade Portuguesa não se dá bem com a crítica e opiniões divergentes às suas. É um dado evidente e adquirido, provado inclusivamente pelos puxões de orelhas que temos levado do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, no âmbito da liberdade de expressão. Não me cumpre analisar as razões desta resistência Lusitana, mas creio que em boa parte tal é reflexo de um espírito democrático deficitário aliado a um grau, também substancial, de iliteracia.
Passando ao que interessa, um dos terrenos onde a crítica suscita problemas é no do Livro de Reclamações. Sendo certo que nem sempre os reclamantes se socorrem dos melhores termos, é igualmente certo que os visados pelas reclamações pessoalizam os termos de uma forma que traduz pouca capacidade de convivência democrática e mesmo social.
O terreno é tão pantanoso que as próprias decisões judiciais não são unanimes. Tudo depende de quem ouve, lê e decide.
Assim, como o seguro morreu de velho, a quem sinta necessidade de legitimamente exercer o seu direito de reclamar é aconselhável primordialmente, retratar os acontecimentos que desagradaram da forma mais adequada e verdadeira possível, evitando excessos de linguagem, adjetivos potencialmente ofensivos e juízos de valor deselegantes. Convém assegurar, do mesmo modo, algum meio de prova como testemunhal, cópias, fotografias e outros.
Já quem é o sujeito passivo da crítica e a recebe, é de solicitar que não pessoalize as coisas excessivamente. Lembre-se que todos estamos sujeitos a críticas e elogios. Há que ser tolerante, perceber outras perspetivas e, quiçá, aproveitar para mudar procedimentos e alertar chefias.
Tudo é sempre uma questão de bom senso!