Carla Cardoso
A exposição ao ruído é a causa evitável mais comum de surdez. Estima-se que 12% da população mundial pode sofrer uma perda auditiva pela exposição ao ruído. A Organização Mundial de Saúde calcula que 1/3 de todas as perdas auditivas pode ser atribuído ao trauma provocado pelo ruído.
Estas perdas são sempre neuro-sensoriais (atingem a parte interna do ouvido) e geralmente bilaterais e simétricas. A perda não é progressiva e cessa com o fim da exposição.
A perda auditiva devida ao ruído é uma doença complexa que resulta da interacção entre factores genéticos e factores ambientais.
A quantidade total de ruído a que um indivíduo é exposto pode ser vista como um nível de energia. Este nível de energia é determinado pela intensidade do som (expressa em decibéis) e a duração da exposição. Podemos assim ter o mesmo nível de energia e consequentemente a mesma lesão coclear com a exposição a sons de elevada intensidade e curtos períodos de tempo comparativamente com a exposição a sons de menor intensidade mas maior período de tempo.
Tempos máximos de exposição até que se produza lesão:
Ruído com intensidade de 80dB – exposição máxima de 8h/d
até 86dB – exposição máxima de 2h/d
até 92dB – exposição máxima de 30min/d
até 95dB – exposição máxima de 15min/d
até 101dB – exposição máxima de 4min/d
até 107dB – exposição máxima de 1min/d
Quando a perda resulta de uma exposição súbita, única ou repetida a sons de elevada intensidade falamos de trauma acústico. Este tipo de exposição é mais agressiva para o ouvido interno do que exposições continuadas a ruídos menos intensos.
Os ruídos de elevada intensidade podem provocar dois tipos de lesão no ouvido interno: uma diminuição transitória do limiar auditivo ou uma perda auditiva definitiva.
No caso da lesão transitória o ouvido normalmente recupera em 24 a 48 horas. Contudo, estudos recentes demonstram que lesões transitórias repetidas em jovens aceleram o início da perda auditiva relacionada com a idade.
Mesmo quando o limiar auditivo retorna a níveis normais estes doentes podem vir a sofrer de uma diminuição da discriminação da palavra falada em ruído (não perceber uma conversa em ambientes com ruído).
Na perda auditiva definitiva a perda atinge invariavelmente a frequência de 4000Hz.
Quando o ruído atinge uma intensidade superior a 130 dB há uma destruição mecânica da cóclea irreversível.
A prevenção é o único tratamento.
– sala de aula – 40-80dB
– leitor de música – 70-100dB
– discoteca – 85-115dB