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Cidadania e Sociedade

PAIS EM PART TIME

Márcia Pinto

Com a evolução da sociedade, os pais foram submetidos a um ritmo alucinante, com exigências profissionais cada vez maiores, o que fez com o tempo e a disponibilidade para estarem com os filhos fosse cada vez menor.
Contudo, apesar da modernização da sociedade, os filhos continuam a necessitar da atenção dos pais, sobretudo quando falamos de crianças mais novas, ainda muito dependentes a nível afetivo.

Assim, numa tentativa de conciliar os dois mundos, o do trabalho e o familiar, é importante que, ao chegar a casa, lhes dediquemos o nosso tempo, estando realmente disponível para lhes dar atenção.

Mais importante que o número de horas que passa com os seus filhos, é a qualidade das mesmas. Perguntar aos seus filhos como correu o dia, perceber se existe algo que os perturbe, brincar com eles poderá ser o suficiente para lhes transmitir segurança e amor.

No entanto, estamos a viver a geração dos pais a part-time, em que a desculpa do stress causado pela vida profissional é suficiente para se auto desculparem da responsabilidade, que é só deles, de educar e proporcionar o bem-estar físico e social dos seus filhos.

Deste modo, delegam para os avós, amas e/ou escolas as suas responsabilidades pois, precisam de tempo para si, para o casal e para conviver com os amigos. Os filhos deixam de ser prioridade a partir do momento em que são compensados com presentes, como forma de compensarem a ausência e de ficarem assim com a consciência tranquila e convencidos de que estão a agir da melhor forma.

Mas, é preciso fazer uma reavaliação das nossas prioridades. A falta de educação é crescente nas nossas crianças e jovens, as atitudes violentas para com os pares e superiores tem aumentado significativamente. Não estará na altura de tentarmos perceber o porquê de isso estar a acontecer?! Ou será que temos medo de perceber que a responsabilidade é nossa?!

Mais do que dar presentes, precisamos estar presentes na vida dos nossos filhos. No futuro não nos vão agradecer o jogo ou o telemóvel topo de gama que receberam mas, ficar-lhes-á a memória as histórias que lhes lemos antes de adormecerem, o colo, o apoio que lhe demos quando tiveram um problema com um amigo, os “não“ que tiveram que ouvir mas que os fizeram valorizar os “sim“ que ouviram depois. Isto sim, é o que permite que no futuro não sejamos um grupo de estranhos a habitar e a partilhar o mesmo espaço.

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