Márcia Pinto
Desde sempre me foi transmitido que as horas das refeições eram sagradas! Era o momento, principalmente o jantar, em que a família se reunia e tinha oportunidade de conversar, discutir algum problema que pudesse estar a incomodar algum membros da família.
Contudo, a partir do momento em que a televisão começou a fazer parte “quase obrigatória” do mobiliário de praticamente todas as divisões das nossas casas, iniciou-se também uma nova era na falta de comunicação entre as famílias.
Entre uma garfada e outra, começamo-nos a distrair com as notícias ou telenovelas.
No entanto, ainda havia alguma interação, que mais não fosse a discussão sobre a notícia avançada na televisão.
Mas, eis que surgem os telemóveis e os tablets e tudo mudou!
É comum ouvirmos dizer que a criança só come se estiver com o telemóvel ou tablet. Pais a queixarem-se que o único momento de descanso é quando os filhos estão mergulhados no mundo virtual.
Assim, voltando ao momento das refeições, principalmente ao jantar e almoços de fim-de-semana, como são agora?!
A televisão passou para segundo plano, o diálogo é quase inexistente, prevalecem as novas tecnologias. As crianças e jovem, mantém conversas com os seus amigos através das redes socias, muitas vezes com amigos virtuais. Os pais, mandam o email do trabalho que faltava, pesquisam algo ou seguem as pisadas dos filhos! E assim se passam dias, semanas, meses…
As novas tecnologias são sem dúvida uma mais-valia. As redes socias aproximam as pessoas ao facilitar o contacto, mesmo visual, com amigos e familiares que estão distantes fisicamente, atenuando a saudade dos mesmos.
No entanto, as crianças e jovens estão cada vez mais sozinhos, mesmo quando estão rodeados de pessoas. Isolam-se no seu mundo virtual, já não convivem socialmente e quando o fazem é com o telemóvel na mão.
Os pais de hoje, não viveram essa realidade na sua infância, mas estão a permiti-lo aos seus filhos e partilham com eles o fascínio por essa nova realidade.
Eu como mãe, que ainda dialogou no momento das refeições, questiono-me muitas vezes sobre o rumo que a nossa sociedade está a tomar. Ainda continuo a dar prioridade ao diálogo e não permito o uso do telemóvel na hora das refeições.
Sem fundamentalismos, nem radicalismos, é pertinente repensarmos a nossa posição enquanto educadores pois, arriscamo-nos a deixar de conhecer as pessoas que estão ao nosso lado!