Ana Marinho Soares
Ainda há poucos dias escrevi sobre as medidas protetoras para evitar o contágio por COVID 19. Hoje para além de considerar que todas essas medidas são fundamentais, penso que isoladamente não serão suficientes… é urgente que haja uma quarentena obrigatória do país, o mais rapidamente possível.
Nós sabemos que neste momento já existem casos de COVID 19 em todo Portugal, sabemos que já existe transmissão comunitária, e sabemos que a quarentena obrigatória é uma medida eficaz para estes níveis de disseminação. Mesmo em Itália, verifica-se que, alguns dias após esta medida ser tomada, a curva exponencial de infetados tornou-se menos agressiva.
Após ser infetada, a maioria das pessoas vai desenvolver sintomas nos primeiros quatro a cinco dias e noventa por cento delas desenvolvem sintomas até aos catorze dias. Facilmente assim se compreende que se entrássemos em quarentena obrigatória hoje, os efeitos objetivos e positivos dessa medida só seriam visíveis daqui a umas duas semanas.
Assim sendo, a quarentena obrigatória hoje, pouparia eventualmente centenas de vidas de portugueses que vão morrer com COVID 19 daqui a quinze dias… sim porque as que vão morrer amanhã só não morreriam provavelmente se tivéssemos entrado em quarentena obrigatória há duas semanas atrás.
É necessário tomar medidas mais rígidas o mais depressa possível para conseguirmos sair desta situação, também o mais depressa possível. As medidas que foram tomadas até agora desde que foi decretado Estado de Emergência não serão, a meu ver, suficientes para conter a pandemia, e enquanto isso, silenciosamente o vírus dissemina-se.
Bem sei que haverá consequências desastrosas na nossa economia, mas essas, já vai haver de qualquer forma… e quanto é que vale uma vida humana?… e quanto valem centenas?
As possíveis centenas de pessoas que vão morrer daqui a quinze dias, não merecem morrer… A quarentena obrigatória hoje, poderia salvar essas pessoas, as que nós médicos, daqui a quinze dias não vamos conseguir salvar…
Quarentena obrigatória hoje para não sermos Itália amanhã…
