António Ferrão
Quem, há poucas, muito poucas semanas atrás, iria imaginar, depois de quase sanguinários debates políticos televisivos, sociais, religiosos ou, simplesmente, de café, acerca da eutanásia, iríamos agora, muito poucos dias depois e pelos mesmos meios e com as mesmas armas, exigir a manutenção da vida a todo o custo e por todas as formas, tornando-se a questão da vida incomensuravelmente maior que a questão da morte.
E, ainda mais estranhamente, tudo isto por por causa de um “ser” infinitamente microscópico!
Como seria possível às nações, cheias de dinheiro e potencial militar, perecerem ou poderem sucumbir a um simples flagelo, bem mais pequeno que uma simples célula!! Caso para pensar e, sobretudo, refletir.
O medo, esse medo da morte, é, afinal, bem mais importante e poderoso que todas as outras coisas neste planeta chamado Terra.
Este Covid19 veio mostrar à saciedade que, fora dos tempos de emergência e crise, todos se atrevem a fazer conjeturas e juízos de valor, mas na hora da decisão final de vida ou morte, quando ela nos diz respeito, quando ela é a nossa própria morte, tudo muda e a única coisa que resiste, que importa, é SOBREVIVER!
A corrida aos bens alimentares, às farmácias, aos desinfetantes, ao miserável, mas pelos vistos imprescindível, PAPEL HIGIÉNICO!!!, etc, falam por si! Falam mais por si que qualquer discurso por mais inflamado que seja. Não fora a gravidade da situação e seria até possível ver, neste drama, a verdadeira “verdade” e não a dos costumeiros pensadores medíocres. Deste drama, sobra a nossa mais primitiva condição humana! – a SOBREVIVÊNCIA!