Raquel Evangelina
Quando tudo terminar hei-de abraçar.
Abraçar os meus que estão até à exaustão a trabalhar e a tentar evitar que um mal maior surja. Abraçar a família que não se junta, nem celebra os aniversários com grandes almoçaradas algo que sempre foi tradição. Abraçar os meus amigos com os quais apenas contactamos por mensagem ou telefone para saber se estamos bem e como estão a correr as coisas.
Quando tudo terminar hei-de viajar.
Viajar sempre foi das coisas que mais gostei de fazer. E se até agora o fazia, hei-de o fazer muitas vezes. Viajar dentro do país, que vai precisar imenso de se recompôr depois de tudo o que se está a passar. Viajar pelo mundo com a plena consciência que é um privilégio o que estou a fazer e que nada é garantido portanto devo agradecer a oportunidade.
Quando tudo terminar hei-de amar.
Amar, ainda mais, as coisas simples da vida. Amar as caminhadas ao ar livre. Amar a natureza. A risada dos meus pequenos. A lealdade do meu cão. O “como estás” sincero e sentido. A educação que tive e tenho. Quem me quer bem. E a mim.
Quando tudo terminar serei grata.
Grata por terem chegado os dias “normais”, os dias felizes. Grata por os meus estarem bem. Grata por tudo o que a vida ensinou com esta paragem.
Quando tudo terminar hei-de fazer muita coisa.
Por agora resguardo-me para que tudo termine o mais depressa possível.