Ana Marinho Soares
Muitas pessoas, principalmente jovens, que sejam portadores do vírus SARS COV 2, provavelmente nunca saberão que o foram (a não ser que venham a fazer testes de pesquisa de vírus ou testes de imunidade, mas isso é outro assunto) porque não desenvolvem qualquer sintoma.
Do lado oposto da infeção por SARS COV 2, temos algumas pessoas que têm formas graves de COVID 19. Essas pessoas necessitarão de internamento hospitalar. Geralmente têm febre que não cede aos antipiréticos ou dispneia (falta de ar). A infeção pode evoluir para pneumonia, e nos casos de prognostico mais reservado, para falências orgânicas que poderão culminar em morte.
No meio destes extremos- assintomáticos ou muito sintomáticos, fica a esmagadora maioria das pessoas, as que vão ter sintomas ligeiros. Muitas dessas pessoas vão apresentar:
-febre
-tosse
-dificuldade respiratória
Contudo sabemos que os sintomas da COVID 19 podem ir além das queixas respiratórias.
Estamos perante uma virose que muitas vezes se manifesta apenas com sintomas inespecíficos, observados em tantas outras viroses. tais como:
-cefaleia (dor de cabeça)
-mialgias (dores no corpo)
-astenia (cansaço)
-odinofagia (dor de garganta)
– náuseas
– diarreia
– anosmia (perda de olfato)
– disgeusia (perda do paladar)
– exantemas (erupções na pele)
Estes sintomas podem surgir combinados entre sí ou então isolados. Podem ocorrer num só dia ou então manterem-se dias a fio. Podem ocorrer com maior ou com menor intensidade.
Abre-se assim um leque de múltiplas apresentações que tal como o vírus, se podem tornar invisíveis na sua visibilidade.
“Aquela tosse escassa que tenho, que não é nada de tão escassa que é”, “aquela perda de olfato e de paladar que são só por eu estar constipada”; “aquela dor de cabeça e aquelas dores no corpo que como não são intensas e até cedem ao paracetamol, vou andando”…
Não digo com isto que quem tiver alguns desses sintomas descritos anteriormente tem COVID-19. Digo antes que poderá ter uma virose, e que essa virose pode ser ou não COVID 19, mas que mediante a suspeita, esta não pode ser ignorada nem desvalorizada.
Na presença de sintomas deverá ligar sempre para a linha de saúde 24, para o ADC comunitário da sua área de residência ou então para o seu centro de saúde, para avaliação adequada do quadro clínico e ponderação da necessidade em realizar teste de pesquisa do vírus.
Se lhe for diagnosticado COVID 19 e apresentar apenas manifestações ligeiras da doença, desde que o seu domicílio e o seu contexto familiar reúna as condições necessárias para que o isolamento seja possível em sua casa, será no seu lar que vai recuperar e manter-se até confirmação da cura. Fará apenas medicação para controlar os sintomas e nada mais.
Se não estivéssemos enquadrados nesta nova realidade, provavelmente continuaria a ir ás compras com “aquela tosse escassa”, provavelmente continuaria a ir trabalhar “com a falta de olfato”, provavelmente continuaria a visitar os seu pais “com aquela dor de garganta”… mas agora estes sintomas são sinais de alerta, que têm de ser avaliados e orientados por um médico. É que a negação dos seus sintomas ligeiros, pode ser a causa dos sintomas graves de alguém e custar a esse alguém um internamento hospitalar ou até a vida, só porque esteve ao seu lado.