José Castro
A palavra “trabalhadores” vai ser por estes dias, uma das palavras mais faladas e comentadas. Pois, quer o dia 28 de abril (Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho / Dia Nacional de Prevenção e Segurança no Trabalho) quer o dia 1 de maio “Dia do Trabalhador” a eles lhes diz respeito. A “luta” é quase sempre a mesma! Infelizmente, trabalhadores e entidades patronais têm interesses divergentes. As assimetrias no nosso país são cada vez mais evidentes. Em finais do ano passado, Portugal atingia os 117 000 milionários com uma riqueza individual superior a um milhão de dólares. As 344 pessoas mais ricas quase possuem 1% do PIB nacional!
No nosso país, quase metade das empresas nacionais (49.4%) têm patrões que apenas possuem a escolaridade básica (na UE são 16.6%) e os assalariados com a mesma escolaridade correspondem a 42.2% ( na UE são 16.5%). Será apenas uma questão de formação a ocorrência dessas assimetrias? Será uma questão de ética?
A situação que agora estamos a viver, à semelhança do que ocorre noutros países, vai potenciar essa desigualdade. Quantos desempregados, “forçados” ou não, irão aparecer? Nos Estado Unidos, em plena Pandemia, enquanto 22 milhões de pessoas perderam o emprego, a riqueza dos “bilionários” norte-americanos cresceu quase 10%, o equivalente a 261 milhares de milhões de euros.
As desigualdades que se constatam por todo o mundo, a intensificarem-se cada vez mais vão criar divergências, revoltas, ódios e por fim a violência! Estaremos a “cozinhar” uma situação dessas que terão consequência muito superiores à Covid-19?
Trabalhadores felizes geram mais lucros! Trabalhadores felizes vestem a “camisola” da empresa, não por obrigação mas por paixão! Obviamente que não é meramente o salário que conta (os valores ainda são tão baixos!), mas também o “salário emocional”.
Não chega só prevenir/proteger de perigos químicos, físicos e biológicos (o desafio agora é maior)! Jamais nos podemos esquecer dos riscos psicossociais! Quantos trabalhadores encontram realização profissional nos seus locais de trabalho? Quantas organizações têm em consideração a participação ativa do trabalhador, o que ele pensa, o que ele sente? Quantas organizações redistribuem lucros da empresa por todos? Quantas organizações criam valores na sociedade e são referência na região? Quantas organizações são Autentizóticas?
Vamos assistir, não às comemorações tradicionais por causa da pandemia, mas à mesma luta, não só pelos direitos consignados na lei (que ainda não são cumpridos!) mas a mais direitos, justos e éticos.
Muitos, neste momento estarão a perguntar e os deveres?
Claro que o trabalhador responsável terá de cumprir zelosamente e com entusiasmo os seus deveres! Ele o fará quando não for mais um número na empresa, mas sim um ser humano, com sonhos, sonhos esses que a empresa conheça e motive, na medida em que o trabalhador contribua para a organização atingir os seus sonhos, patentes na Visão, Missão, Valores e Política da mesma.
Afinal, a relação entidade patronal e trabalhadores, não tem que ser uma relação ganha -explora, mas sim uma relação ganha-ganha, ou melhor ainda, ganha mais-ganha mais!