Vera Costa
O designado Covid-19 ou coronavírus como inicialmente era conhecido pela generalidade das pessoas, trouxe-nos desafios que não esperávamos. Inesperadamente, de forma abrupta, as nossas rotinas, vida familiar, profissional, escolar e social mudaram repentinamente com todas as limitações subjacentes impostas, que interferiram com a nossa autonomia, livre circulação e interação social. Esta mudança, provocou-nos incertezas, ansiedade, isolamento, solidão, tédio, preocupação com a nossa conjuntura profissional e económica, depressão e uma série de fenómenos perante os quais, nos foi pedido uma atitude positiva e resiliente, sem no entanto, determos de uma experiência prévia.
Se para a maioria das pessoas esta nova realidade teve mais ou menos impacto nas suas vidas, para os mais idosos, o desafio de fazer face às implicações do Covid-19, é bem maior e bem mais invisível. Isto porque, o isolamento e a inatividade no Idoso num período curto de tempo, poderão resultar numa deterioração física e cognitiva significativa! Em menos de um mês, uma pessoa idosa poderá perder a sua locomoção, ver deteriorada a sua memória e capacidade de raciocínio e verificar um declínio da sua resiliência, iniciando estados depressivos profundos.
Nesse sentido, a Família e a Sociedade em geral, deverão estar atentos e dar atempadamente respostas efetivas para promover uma melhor saúde física, mental e consequentemente, uma melhor qualidade de vida aos mais idosos. É possível atenuar e retardar os efeitos do envelhecimento a nível cognitivo e psicomotor, para isso é essencial introduzir tarefas que permitam trabalhar faculdades como o raciocínio, a resolução de problemas, a abstração, a autonomia, a destreza física, a motricidade, a coordenação, entre outras. Desta forma, a partir determinadas atividades físicas (e.g., caminhar, fazer exercício físico, trabalhos manuais), lúdicas (e.g., ouvir música, ver TV, escrever, jogos, jardinagem), culturais (e.g., ler um livro, ver um documentário, debates), intelectuais (e.g., fazer palavras cruzadas, sopa de letras, jogos de memória, recordar momentos significativos da sua vida), sociais (e.g., falar com amigos e familiares frequentemente via videochamada ou chamada telefónica) e jogos cognitivo-motores (jogos específicos para a estimulação de variadíssimas capacidades mentais, nomeadamente estimular competências cognitivas, espaciais, socio-psico-emocionais, trabalhando também a área oculo-motora, motricidade fina e a precisão psicomotora) estimulando assim, inúmeras competências fundamentais. Também é extremamente importante não descurar os cuidados pessoais e de higiene, reforçando a autoestima e a valorização pessoal.
É cada vez mais necessário apostar no Envelhecimento Ativo que permita ao Idoso, viver mais e melhor isto é, viver mais anos, mas com qualidade de vida. Em tempo de Covid-19, a estimulação do Idoso torna-se ainda mais imperativo.