Isabel Pinto da Costa
Quem nunca experienciou, desde muito novo, esta sensação de ser ou não ser popular? Desde a infância que podemos ter sido crianças populares ou impopulares no nosso grupo de pares e isso pode ainda acontecer no nosso grupo de amigos, no nosso grupo de trabalho! Isso interfere com a nossa autoestima! Vejamos: se em criança fomos privados de uma interação saudável com as outras crianças porque não eramos populares, desenvolvemos ao longo da infância sentidos de tristeza, sentidos de rejeição, baixa autoestima; logo, temos tendência a sermos adolescentes mal-adaptados.
Esta criança tem mais possibilidade de desenvolver problemas psicológicos, de abandonar a escola e de apresentar um comportamento delinquente. Os jovens impopulares são mais hiperativos, desatentos, agressivos, alguns são introvertidos, agem de forma imatura e irresponsável. São frequentemente insensíveis aos sentimentos dos outros jovens e não conseguem adaptar- se a novas situações. Se formos crianças populares temos geralmente boas capacidades cognitivas, boas competências de resolução de problemas sociais e somos assertivos, ajudamos as outras crianças, somos leais e de confiança. No nosso grupo de amigos somos normalmente “o mais brincalhão”,” o mais sorridente”,” o mais divertido”, “o mais extrovertido”. Seremos aceites por todos os elementos do nosso grupo, vamos ser escolhidos para todos os eventos sociais, vamos ser “acarinhados” por todos, elogiados por todos. E o que é impopular? E o que é introvertido e não é tão popular dentro do grupo, o que vai experienciar muitas vezes? Já pensou nisso? Vai sentir-se frustrado, triste, vai pensar que fez alguma coisa de errado, que tem algum problema, vai ter baixa autoestima. Não podemos continuar a ser socialmente seletivos, pois estamos a magoar os outros e a estabelecer vínculos apenas com pessoas que nós definimos nos nossos estereótipos de populares e de que vale a pena nos relacionarmos.
Temos que desenvolver vínculos com pessoas populares e impopulares, pois em todos os relacionamentos interpessoais existe uma aprendizagem recíproca entre quem a faz.
No grupo de trabalho também temos que nos relacionar com todos os colegas, sejam eles populares ou impopulares, pois, o que por vezes se esquece, é que sou popular se me esforçar por demonstrar um bom trabalho e se conseguir obter respeito e solidariedade com os outros. Ter respeito por si próprio. Se for honesto e íntegro e ainda se defender os valores em que acredito e se agir segundo esses valores, sou popular.
Sou impopular se não tiver essas responsabilidades. Mas tudo isto não tem sentido se eu deixar de ter a capacidade de sonhar e de entender a realidade aos olhos de uma sonhadora como me descrevo, que acredita na igualdade de valores e na capacidade de todas as pessoas de saber sonhar e de fantasiar, mas igualmente de entender a realidade e saber as suas limitações e também respeitar a impopularidade.