Cristina Cardoso
Ter uma alimentação equilibrada durante a gravidez é essencial para o crescimento saudável do bebé e para o bem-estar da mãe. Um adequado estado nutricional da grávida pode trazer vantagens de saúde para a própria e para o filho, ao longo das suas vidas.
Durante a gravidez as necessidades de energia e nutrientes aumentam, sendo este aumento dependente do trimestre em que a grávida se encontra. O estado nutricional no momento pré-concecional é determinante para o cálculo das necessidades energéticas totais, bem como na determinação do ganho de peso que a grávida deve obter no decorrer da gestação. Desta forma, as recomendações alimentares e nutricionais devem adaptar-se a cada mulher, considerando-se as diferenças individuais. Na fase pré-concecional é importante um bom controlo de peso e das glicémias e devem ser prescritos alguns suplementos, nomeadamente ferro, ácido-fólico e iodo. Se recomendado, diminui o risco de cromossomopatias, doença cardíaca congénita, abortamentos precoces e défices neurológicos.
A nível nutricional (ou na Consulta de Nutrição), além de se corrigirem eventuais erros alimentares, é importante compreender se há algum desequilíbrio nutricional, sendo o ferro, o ácido fólico, a vitamina B12, a vitamina D, o iodo e o cálcio alguns dos nutrientes mais relevantes. Assegurar um bom estado nutricional é determinante para garantir o bom desenvolvimento de processos inerentes à gravidez (p. ex.: formação da placenta, implantação da placenta, diferenciação celular, crescimento fetal e correto encerramento do tubo neural).
O controlo de ganho de peso durante a gravidez é, de facto, muito importante porque pode condicionar o crescimento fetal, bem como complicações durante e após o parto.
Um ganho inadequado de peso nesta fase pode traduzir-se em atraso no crescimento do feto e aumento do risco de mortalidade perinatal. Em contrapartida o ganho elevado de peso pode estar relacionado com peso excessivo ao nascimento do bebé (macrossomia fetal), por sua vez associado a complicações no parto, nomeadamente maior risco de parto distóccico e de hemorragia pós-parto, e na saúde da criança na vida adulta.
Recomenda-se adoção de um estilo de vida saudável, que deve iniciar-se mesmo antes da gravidez, para otimizar a saúde da mãe e reduzir o risco de complicações durante a gestação e de algumas doenças no bebé.
A alimentação da grávida deverá ser uma alimentação saudável, ou seja, completa, equilibrada, variada e segura, de acordo com as orientações da Roda dos Alimentos:
Fazer 5 a 6 refeições por dia, mais ou menos de 3 em 3 horas: pequeno-almoço, almoço e jantar e 2 a 3 pequenos lanches;
Privilegiar o consumo de hortícolas, iniciando as refeições com uma sopa de legumes;
Preferir o peixe gordo (salmão, arenque, atum, sardinha) e as carnes brancas, como as aves e o coelho;
Limitar o consumo de carne vermelha a 2 ou 3 vezes por semana;
Consumir cerca de metade dos cereais, como pão, arroz e massa, sob a forma integral;
Comer 3 a 4 porções de fruta por dia;
Comer 3 porções de laticínios meio-gordos ou magros por dia;
Preferir sempre os óleos vegetais;
Moderar o consumo de sal, utilizando pouco sal para cozinhar, não adicionando sal no prato e evitando produtos e alimentos com excesso de sal;
Beber água suficiente para satisfazer a sede. Cerca de a 2,3 L pode ser uma referência;
Praticar atividade física moderada de acordo com indicação médica;
Suplementação adequada de vitaminas e minerais;
Evitar o consumo de bebidas alcoólicas, tabaco e outras substâncias nocivas.
A alimentação materna constitui o primeiro passo numa cadeia de mecanismos que permita o fornecimento de nutrientes ao feto, assegurando o seu crescimento. Assim, uma alimentação saudável e equilibrada é fundamental no sentido de assegurar não apenas o desenvolvimento adequado do feto, mas também para reduzir o risco de complicações durante o parto, bem como garantir a saúde da mãe e prevenir patologias no recém-nascido.