Rui Canossa
25 anos depois o slogan lançado pela empresa de marketing Young & Rubican, desde de 2018 fundida com a VML, para o Ministério do Comércio e Turismo parece mais atual do que nunca. De facto, decorria o ano de 1995 quando os portugueses começaram a ouvir este apelo que tinha como objetivo criar apetência para viagens em Portugal, diminuir a sazonalidade do turismo e aumentar e diversificar a qualidade da oferta. O tempo passou mas a mensagem continua atual.
Depois dos piores meses de que há registo, em março de 2020 face a 2019 o número de hóspedes em Portugal baixou 97.4% de acordo com o INE, o setor do turismo aposta as fichas todas no verão para tentar recuperar parte das fortes perdas causadas pelo Covid 19. As perdas estimadas, segundo Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, serão de 50%.
Nunca é demais lembrar que o turismo representava em 2019 14,6% do PIB e que empregava 322,7 mil pessoas no alojamento, restauração e similares. O que significa 6.6% do total do emprego em Portugal.
Os empresários do setor sabem que a tempestade ainda não acabou mas o seu otimismo chega com a proporção do êxito na contenção da doença, que devolve confiança, levanta algumas cancelas nas fronteiras e repõe ligações ao mundo. A União Europeia espera começar a abrir a visitantes extracomunitários. Aos poucos e como mais segurança e higiene a bordo, regressam os aviões que, no ano passado trouxeram quase 60 milhões de e para Portugal. 2021 é para o presidente da Confederação do Turismo de Portugal o ano da recuperação e 2022 será de novo o melhor ano do turismo em Portugal.
E sejamos racionais, o”tsunami” não levou consigo a oferta fundamental, as praias, os monumentos, a cultura, a gastronomia. E se é certo que faltarão turistas estrangeiros, o mais provável é que, com tantas dúvidas e receios, os portugueses prefiram fazer férias cá dentro, ajudando a amenizar as perdas, aliás, como já vos tinha falado no meu artigo anterior. E somos tantos a ajudar, no ano passado, houve 10,7 milhões de hóspedes portugueses na hotelaria, representando um terço das dormidas.
Estou particularmente preocupado com outro elemento da oferta turística, que não os destinos turísticos, ou o alojamento e a restauração, mas sim com as empresas de eventos e da animação turística. Estas, por concentrarem pessoas ou a sua proximidade física, estão a ser relegados para as últimas fases de desconfinamento. A APECATE – Associação Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos – prevê perdas de 60% a 90% neste ramo do negócio onde cabem iniciativas de várias dimensões. Por outro lado, o Alojamento Local viu os seus números crescerem em função da maior procura por este tipo de estabelecimentos.
Vamos ter esperança na retoma. Se no ano passado as receitas turísticas foram de 18.4 mil milhões de euros, para 2027, as estimativas de receitas para o setor são hoje de 26 mil milhões de euros.
Aqueles que me conhecem sabem que adoro viajar. Mas, este ano, mais do que nunca vou seguir o já velhinho slogan, “Vá para fora cá dentro”.