António Coito
O ano letivo começou. Uma nova etapa para todos os alunos deste país. E digo para todos, uma vez que é um ano com novas regras, muitos cuidados e um regresso ao espaço de sala de aula, que para muitos, já não era visto, nem sentido há 6 meses. Se me perguntam se era assim que via o meu ano letivo, não. Mas, a questão principal é que o acesso à educação não pode parar. Lamento contradizer as mentes brilhantes e sábias que admitem que o ensino não presencial é um êxito. Sinto que o período em que estive em casa, com aulas online, adquiri novas aprendizagens, mas, infelizmente, não sinto que as aprendizagens essenciais tenham permanecido por muito tempo na minha mente. Os alunos com necessidades educativas especiais, com todo este processo, ainda mais ficaram a perder, uma vez que não tiveram muitos apoios e os pais não sabiam muito bem como agir. Tal como a minha aprendizagem, a minha saúde mental não esteve nos seus melhores dias. Aliás, ainda não está! Uma vez, ouvi um especialista falar que todo este processo de isolamento não permitia que nós (jovens) evoluíssemos, e podia causar grandes danos. Sinto que sou prova disso. Sinto que certas limitações e formas de pensar, antes, passavam-me ao lado e, atualmente, são me muito recorrentes. O regresso a uma nova normalidade e o tempo serão decisivos nesta cura interior. Para ser sincero, um começo necessário, mas menos feliz que nos anos anteriores. A vontade de escolher novo material e organizar tudo aconteceu, mas com menor ênfase que o habitual.
O meu primeiro dia de aulas foi, sem dúvida, um dia que me fez pensar muito. Um misto de pensamentos ia dentro desta caixa de informação. Por um lado, sentia-me tranquilo por ver pessoas, pisar uma sala de aula, ter aulas presenciais, conhecer uma nova escola, sentir a presença dos meus amigos, imaginar o rosto das pessoas, uma vez que a máscara na permite a visualização do rosto das pessoas na sua totalidade e, claro, perceber como funciona o 10ºAno. (Ouvi falar tanto em COVID, que quase me esquecia que iniciava agora o ensino secundário). Por outro lado, a preocupação constante de desinfetar tudo, usar a máscara sem tirar, respeitar os percursos definidos e, acima de tudo, tentar manter um distanciamento que na realidade eu já sabia que não ia existir. Com o passar dos dias, vim a confirmar uma teoria minha. Digam o que disserem, as escolas são feitas de proximidade, e o distanciamento físico não existe. E não falo apenas dentro do recinto escolar. As imediações também são assim. A população em geral está completamente despreocupada e, realmente, só tomam consciência da gravidade deste vírus quando lhes bate à porta. Não sei qual o interesse de protestar o uso de máscara na via pública. ‘’estamos a voltar a uma ditadura…’’/ ‘’os casos vão continuar a aumentar, não será isso que vai diminuir…’’, frases como estas são de deixar qualquer pessoa consciente de cabelos em pé. Mentes pobres, limitadas e imbecis que não entendem que é necessário e é uma medida estabelecida para o bem de todos.
A realidade, e essa ninguém pode desmentir, é que o ensino secundário, só por si, é uma mudança bastante complexa. Na maioria dos casos, nós alunos, nem estamos conscientes desta nova etapa, da escolha que fizemos e até mesmo, do passo que estamos a dar. Enquanto no ensino básico, a nossa preocupação passa por atingir as metas/objetivos predefinidos, a meu ver, no secundário há a necessidade de ir além disso, até porque há uma média para construir, para trabalhar e o início começa aqui! (Embora o ensino básico seja fundamental, acredito que entenderam o que quis dizer!).
Sempre soube a área a escolher. Muitos consideram a minha escolha um pouco esquisita, porque embora tenha escolhido o curso de línguas e humanidades, no que diz respeito às disciplinas de opção, escolhi Literatura Portuguesa e Economia A. Duas áreas que considero fulcrais no nosso percurso enquanto estudantes. Enriquecem a nossa cultura. Permite compreender quem passou pela nossa história nacional e deixou marca devido às suas grandes obras e interpretar a situação económica do nosso país e como esta se processa.
Este ano, o segredo passa por conjugar toda esta mudança com a grande pandemia. E denomino-a assim, por vários fatores. É grande, porque foi capaz de parar o mundo, de mudar mentalidades, alterar rotinas e hábitos diários, e mesmo assim, permanece por aqui. Nos próximos tempos, vamos ter de lidar com ela! Sejamos fortes, conscientes e cautelosos na maneira em que enfrentamos toda esta mudança física, mental e social…