Cristina Cardoso
Nutricionista CP 3558N
Os sintomas da COVID-19 incluem febre, tosse, dificuldade respiratória, astenia (fraqueza), alterações do olfato e do paladar e sintomas gastrointestinais (vómitos e diarreia). Frequentemente estes sintomas são acompanhados pela perda de apetite, o que pode dificultar uma alimentação adequada que permita assegurar as necessidades nutricionais. Ao mesmo tempo, o organismo, na tentativa de assegurar uma resposta imunitária eficaz no combate ao vírus, aumenta as necessidades energéticas e nutricionais. Sem nutrientes suficientes, principalmente proteína, energia, vitaminas e minerais, o nosso corpo começará a utilizar as suas reservas, nomeadamente o tecido muscular, para obter uma fonte de energia alternativa. Isto poderá, por exemplo, levar à redução da força dos músculos respiratórios e dificultar uma inspiração e expiração eficazes, comprometendo a respiração.
A energia e a proteína provenientes da alimentação são determinantes para se evitar a perda da massa muscular generalizada enquanto luta contra a COVID-19, especialmente em indivíduos mais inativos ou mesmo acamados. Será importante assegurar a presença de pelo menos um alimento que seja uma fonte proteica em cada refeição como carne, pescado, ovos, lacticínios e as leguminosas.
Em caso de tosse, são sugeridas as seguintes recomendações: evitar alimentos muito quentes ou muito frios; preferir alimentos macios e húmidos (ex: papas) que reduzam a irritação na garganta; tentar sentar-se na posição vertical enquanto come e evite inclinar-se ou sentar-se em cadeiras reclináveis; Evitar usar palhinha, pois pode forçar o líquido a entrar rapidamente na parte posterior da boca e causar tosse.
Relativamente às alterações do olfato e paladar, o consumo de alimentos frios ou à temperatura ambiente podem ter melhor sabor do que os quentes. O adicionar condimentos como ervas aromáticas ou especiarias podem estimular o gosto alimentar.
Na presença de sintomas gastrointestinais e febre é importante reforçar a hidratação, podendo ser consideradas as soluções de reidratação oral /saquetas de hidratação orais, para além da ingestão de água. Em caso de diarreia, é recomendado evitar alimentos ricos em gordura ou condimentados, alimentos com lactose (leite, iogurtes), alimentos que provoquem flatulência (feijão, fava, lentilha e grão-de-bico) e bebidas com gás, cafeína ou álcool.
Na existência de dificuldades em engolir, são sugeridas as seguintes estratégias: tentar sentar-se na posição vertical enquanto come e evitar estar reclinado ou deitado até 30-45 minutos, após a refeição; preferir alimentos moles e humedecidos como purés/cremes ou refeições com molho; ter em atenção aos snacks de consistência dura e estaladiça, e evitar porções de alimentos com ossos pequenos ou espinhas.
Como já foi referido, a falta de apetite pode ser uma das consequências da COVID-19. Assim, enriquecer nutricionalmente as refeições e dar preferência a alimentos com elevada densidade energética (calorias) e nutricional (proteínas, vitaminas e minerais) é uma boa solução para lidar com este problema, pois permite a ingestão de uma maior quantidade de calorias e nutrientes numa menor quantidade de alimento, como por exemplo batidos ou sopas enriquecidas.
Uma alimentação adequada é importante para melhorar o estado de saúde e bem-estar, a capacidade funcional e independência, reduzir complicações em caso de doença e garantir uma melhor recuperação. Por estas razões, garantir um consumo alimentar adequado é essencial durante esta pandemia da COVID-19.