Raquel Evangelina
Hoje trago uma sugestão, se é que há alguém que ainda não a viu, a série “O Gambito da Rainha” da Netflix.
Segundo a sinopse “O Gambito da Rainha conta a história de Beth Harmon (Anya Taylor-Joy), uma menina órfã que se revela um prodígio do xadrez. Mas agora, aos 22 anos, ela precisa enfrentar seu vício para conseguir se tornar a maior jogadora do mundo. E quanto mais Beth aprimora suas habilidades no tabuleiro, mais a ideia de uma fuga lhe parece tentadora.”
O mundo do xadrez é algo que não me atrai minimamente, no entanto, como andava tudo louco com esta mini-série, decidi dar-lhe uma oportunidade. Mas, apenas, ao fim do 3º episódio comecei a ficar empolgada e a querer saber mais. Até lá, estava a achar demasiado parada e “aborrecida”. Não me crucifiquem, gostos não se discutem!
Acabou por se revelar uma agradável surpresa. Não apenas do xadrez, mas também da emancipação da mulher, do sentimento de abandono e solidão, da depressão, dos vícios e até da relação E.U.A. – União Soviética.
Acompanhamos uma criança que revela o seu talento para o xadrez, ainda no orfanato, e se torna numa estrela sensação com todas as vantagens e desvantagens que ser um prodígio acarreta. Beth ganha uma família mas com o decorrer dos tempos, e sem querer ser spoiler, acabamos por perceber que essa mudança na sua vida não lhe apagou a sensação de abandono. Sensação essa que a torna vulnerável, pouco confiante e propícia para se magoar a si mesma, e a quem realmente se importa com ela. Vemos também uma mulher a destacar-se numa época em que ainda eram poucos os elementos femininos com papéis de destaque e que maior vergonha que perder ao jogo com um jogador fraco, era perdê-lo com uma miúda.
“O Gambito da Rainha” merece uma oportunidade, nem que seja pela interpretação da, até à data, não tão conhecida atriz principal.
Mesmo que, no início, vos pareça uma série enfadonha.