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A SAGA DOS SENTIMENTOS EM TEMPOS DE COVID-19

Helena Coutinho

Nunca, como agora, foi tão difícil saber ser amigo ou saber amar. Nem um povo tão aventureiro como o português estava preparado para navegar num oceano tão incerto e intempestivo como o da realidade alucinante que nos rege, actualmente. A saudade, esse estado de alma, galopante, tão característico dos nossos antepassados e da nossa cultura, não foi suficiente para nos ensinar a lidar com a ausência daqueles que, mesmo estando por perto, é fundamental saber conseguir manter distantes do toque mas nunca do trato.

Tem sido dias duros de “ler”, e de compreender, no seio de muitas famílias e no âmago de muitos corações. Somos pessoas e não heróis. E, por isso, é normal fraquejar. Mas continua a não existir nada mais forte do que a vontade de seguir em frente, amparados pelos “nossos” e por uma bengala mágica chamada resiliência. Os lugares mais bonitos, do mundo e do sentir, teimam em ficar sempre um pouco mais além do que parece – onde nos aguardam os mistérios e tesouros das pequenas grandes coisas – e o importante é continuar a não desistir, antes de lá chegar.

Mais do que um período de crise e incertezas, tem sido um inverno de medos e despedidas, para muitos. (Um número demasiado expressivo e cruel, que não poderá nunca ser esquecido.) Mais do que a doença física – o Covid, que testa todos os nossos limites e rouba liberdades básicas, a depressão, a doença mental, tem-se propagado por todos os recantos da sociedade, como uma erva daninha. E, tal como uma erva daninha, alastra a uma velocidade estonteante, à mínima oportunidade, em qualquer jardim. É uma praga, tão ou mais nefasta que o vírus que consome a saúde do nosso tempo, sobre a qual deveremos todos reflectir e aprender. E pedir ajuda, assim que escutarmos os passos da sua chegada, para a eliminar, a tempo, do pensamento e dos nossos dias.

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