José Castro
Em primeiro lugar quero desejar a toda equipa BIRD Magazine e respetivos leitores um 2021 cheio de concretizações de sonhos e que estes vos tragam mais paz e felicidade.
Não deixa de ser curioso chamar a 2021 um ano novo, quando na realidade é o ano mais velho que conhecemos, que começa! Esta numeração segue o calendário proposto pelo Papa Gregório XIII, que entrou em vigor em 1582, uma das convenções de medir o tempo entre muitas outras. Provavelmente por uma questão “psicológica” no final de um ciclo de tempo e entrada noutro festeja-se (embora este ano os festejos fossem mais contidos devido à pandemia) esperando que posteriormente tudo corra às mil maravilhas. Agora em 2021 é que vai ser! Esta ilusão que é uma verdadeira pandemia, é similar à que eu tinha em criança quando pela primeira vez fui a Espanha, pois vivia próximo de Chaves. Pensava que ia encontrar coisas muito diferentes e, afinal, lembro-me perfeitamente de dizer que as árvores eram iguais às nossas, assim como as casas e os automóveis, sendo a única diferença (na altura) não perceber nada do que os espanhóis diziam. Da mesma forma, quando nos levantamos (os que tiveram essa oportunidade) no dia 1 de janeiro constatamos que estava tudo igual ao dia anterior. Nem deixamos de ter os “problemas” das nossas vidas, nem o mundo passou a ser como que por “magia” perfeito, com absoluta paz, seres humanos com elevados índices de conforto e utilizando práticas verdadeiramente sustentáveis. Nem as doenças passaram a ter todas cura, nem a dor deixou de existir, o ensino não passou a ser exemplar e os empregos bem remunerados e com excelentes condições de trabalho passaram a ser a regra geral. O sistema de justiça não passou a desnecessário por na sociedade ninguém necessitar mais de prejudicar alguém. Não nos transformamos numa sociedade onde o sofrimento animal infligido pelo ser humano deixou de existir, nem a alimentação passou a ser totalmente orgânica. A esperança média de idade não passou a ser de 120 anos e onde todos se mantivessem ativos por as doenças mentais e degenerativas deixarem de existir. A “morte” continuaria a existir mas sentida positivamente como um “até logo”.
Afinal, no dia 1 de janeiro de 2021 nada disto aconteceu e tudo fluía naturalmente “mal”. Os noticiários com as mesmas notícias e acontecimentos. A nossa sociedade “doente” em valores, princípios, ética, e na prática dos mesmos. A “agravar” tudo isto, quando festejamos mais um ano também sabemos (por muito que não queiramos pensar nisso, sempre a fuga!) que é menos um ano que vamos permanecer no planeta!
Esta visão parece demasiado pessimista e derrotista, mas, curiosamente, é apenas realista e otimista. Realista porque para avançar em algo temos de saber o ponto de onde partimos. Aceitar as “sombras” da nossa sociedade que nada mais são que o somatório das “sombras” individuais de cada cidadão, é o primeiro passo. O segundo passo é saber onde queremos chegar, que sociedade cada um de nós idealiza. O último passo, que poucos assumem fazer e apenas se deixam embalar pelas circunstâncias naturais, vivendo de forma automática, numa “normose” doentia, é o arregaçar as mangas e cada um se transformar em parte ativa de mudança da sua vida, assim como da sociedade, fazendo acontecer os ideais em que firmemente acredita, vive e sente. Nesse sentido, 2021 pode ser um ano novo, um ano em que cada vez mais semeamos aquilo que desejamos mais tarde colher, enquanto indivíduo, cidadão e coexistindo pacificamente com todas as outras formas de viver e de ser. Viva 2021 com entusiamo e sempre renovando e aprofundando o seu Sentido e Propósito de Vida.