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Saúde e Vida

O OLHO – UMA PORTA PARA INFEÇÃO POR CORONAVÍRUS

Ivo Filipe Gama

O olho, uma possível porta para a infeção por coronavirus (COVID19) – Conselhos gerais para prevenir o contágio

A pandemia causada por coronavírus (SARS-CoV2 / COVID-19) afetou profundamente as nossas vidas desde o primeiro trimestre de 2020, causando uma grande morbilidade e mortalidade, assim como consequências graves no país. Os sintomas incluem: dores musculares, falta de ar, cansaço, tosse, febre e, por vezes, diarreia.  Estes são os sintomas mais comuns, a maioria já divulgada na comunicação social.  Como médico especialista em Oftalmologia, não posso deixar de chamar a atenção para o facto de a conjuntivite poder constituir a primeira manifestação de doença. Tal aconteceu na China, onde um médico oftalmologista do Hospital Central de Wuhan Central, o Dr. Li Wenliang, foi infetado por transmissão a partir de um doente seu que era seguido por glaucoma, e que estava infetado com SARS-CoV2 e assintomático, tendo este médico morrido cerca de 1 mês depois.  Existem alguns relatos de casos que apontam para uma transmissão possível por contacto, sob a forma aerossóis, através da superfície ocular externa, se não existir proteção ocular. O contacto com a lágrima e a superfície externa do olho pode constituir uma via de contágio. Tendo em conta estes riscos, existem vários conselhos que deve seguir durante esta pandemia:

1. Deve evitar esfregar os olhos. Se precisar mesmo de tocar nas pálpebras ou ajustar os óculos deverá utilizar um lenço em vez do toque direto com os dedos;

2. Utilize lágrimas artificiais com frequência, sempre que necessários. O uso de máscaras, indispensáveis no nosso dia-a-dia, podem causar sintomas de olho seco e irritação da superfície ocular externa, como sensação de “areias” nos olhos, visão turva esporádica, picadas oculares, comichão nos olhos, entre outros, ou podem agravar a sintomatologia das pessoas que já tinham olho seco crónico diagnosticado antes da pandemia. Existem várias lágrimas artificiais em colírios no mercado que podem resolver esta sintomatologia. Deve consultar o seu médico oftalmologista para a opção mais adequada a cada caso.

3. Quem usa lentes de contacto, deve optar por usar mais os óculos nesta fase pandémica. A evitar-se temporariamente o uso de lentes de contacto, vai diminuir-se a manipulação ocular e assim diminuir-se a possibilidade de contágio. Além disso, o uso de óculos pode diminuir o risco de irritação ocular e assim da necessidade de mexer nos olhos. Além disso, a utilização de óculos de correção ou de sol fornecem uma barreira de proteção adicional, comparativamente com o seu não uso ou o uso de lentes de contacto. Apesar da exposição poder ser menor com o uso de óculos, continua a existir possibilidade de contacto com os aerossóis pelas partes laterais, superior/inferior que continuam expostas. Assim, quem tiver proximidade com uma pessoa com infeção confirmada ou suspeita, por exemplo, um familiar doente a quem se presta cuidados, deverá ser adotado o uso de óculos de proteção adequados.

4. Na aplicação de colírios é essencial a higiene das mãos, antes e depois da aplicação. As mãos devem ser lavadas com água e sabão durante pelo menos 20 segundos e depois desinfetadas com solução alcoólicas, deixando-se secar completamente. O armazenamento dos colírios deve respeitar as recomendações incluídas no folheto informativo do colírio.

Bibliografia: Recomendações conjuntas da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia e da Ordem dos Médicos (Colégio da Especialidade de Oftalmologia);  Recomendações da Academia Americana de Oftalmologia.

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