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PANDEMIA VS ATIVIDADE POLÍTICA

José Castro

O ano 2021 já está em franco andamento e no que respeita à pandemia já temos saudades de 2020. Infelizmente, já vamos a caminho das dez mil vítimas em Portugal e já ultrapassamos os dois milhões de vítimas a nível mundial. Os danos colaterais são profundos quer em termos psicológicos, sociais ou económicos. É certo que temos que continuar a viver, mas não podemos olvidar o momento atual. Do pânico criado em março, onde exemplarmente se seguiam as orientações (adequadas ou não!) da DGS, passou-se para o medo e de seguida para o “a mim não acontece”, “afinal cada vez mais as pessoas estão assintomáticas” e “até já há vacina”. A incidência de infetados já não está na faixa etária dos mais idosos mas sim num grupo alargado entre os vinte e os cinquenta e nove anos. Este “relaxamento mental” acompanhado de comportamentos inadmissíveis levaram-nos à situação que vivemos. O não confinamento no Natal, aconteceu não pela razão de não se saber das consequências futuras, mas pela incapacidade logística de controlar as movimentações dos portugueses, porque (infelizmente) eles (já) não iriam cumprir, e para não haver “chatices” na época natalícia foi permitida uma “abertazinha” nas medidas! Assim se conseguem três coisas, responsabilizar as pessoas, aumentar a popularidade e esconder a incapacidade de controlar tudo e todos. Desta maneira andamos em confinamentos “desconfinados” na tentativa erro e acerto, onde a ausência de clareza deixa tudo muito vago. Os portugueses esses já cansados e exaustos da pandemia não só aproveitam todas as brechas possíveis para fazerem o que querem ( só os irresponsáveis , claro), subvertem as normas estabelecidas e até se passeiam com coleira de cão, mas sem cão! A situação é infinitamente pior que isso! Acredito sinceramente que tirando cenários de guerra ou calamidades naturais esta é uma situação extremamente complexa de gerir e que ninguém queria estar no papel do governo.  

Por mera casualidade também estamos em plena campanha eleitoral para as eleições presidenciais. E não é que “alegadamente” um ato político não se pode proibir? Que no âmbito de uma campanha política se podem reunir pessoas ao mesmo tempo e almoçarem tranquilamente? Não estamos em Estado de Emergência por uma situação de saúde pública? Como podem comportamentos similares serem em simultâneo proibidos e permitidos? Fazer campanha com a população? Em auditórios? Quando os espaços culturais estão fechados? Ou o “bicharoco” do Sars-cov2 já é discriminatório e não contamina políticos, apoiantes e eleitores? Não há alternativas? Como se pôde obrigar (em Março) professores a utilizarem plataformas digitais, quando nem eles e nem muitos alunos tinham recursos, nem conhecimentos e não se pode obrigar os candidatos a Presidente da República a fazerem campanha só pela comunicação social e redes digitais? E no limite, por que não adiar as eleições? Sempre pensei que aqueles a quem o povo delegou representação, respeitando o espírito democrático poderiam tomar as decisões convenientes, nas situações nunca previstas e logo super extraordinárias por um só motivo: o bem-estar da população. A burocracia, as regras, as normas (criadas pelos humanos e que podem ser “descriadas”) jamais poderão impedir de se salvarem vidas! Por outro lado, não se pode pedir aos empresários (principalmente de micro e pequenas empresas) que investiram dinheiro segundo as diretivas da DGS para poderem terem locais seguros para trabalhar e dizer que afinal não podem! Que têm de se reinventar! E o sistema político não precisará de se reinventar?

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