Carla Guimarães Cardoso (médica otorrinolaringologista)
Portugal iniciou o processo de vacinação há praticamente 3 meses e sensivelmente ao mesmo tempo que o resto do mundo. Neste momento 2,84 % da população portuguesa e 0,86% da população mundial encontram-se vacinadas (processo completo de vacinação terminado). O campeão da vacinação é Israel com 41,3% da população imunizada.
Ao falar de processo de vacinação somos confrontados com o nome de várias vacinas com particularidades distintivas e gera-se a dúvida, que vacinas são essas.
A primeira a ter aprovação e a ser usada em Portugal foi a vacina COVID-19 Pfizer-BioNTech. Esta vacina criada pela parceria Pfizer, BioNTech e Fosun Pharma é uma vacina que usa a tecnologia de mRNA, apresenta uma eficácia de 94% e está recomendada para maiores de 16 anos. Deve ser administrada em duas doses intramusculares com 21 dias de intervalo. Os efeitos secundários mais comuns são dor, rubor e edema do local da inoculação e cansaço, dores de cabeça, dores musculares, arrepios, febre e náuseas. Estes efeitos surgem 1 a 2 dias após a toma e em regra desaparecem em poucos dias sendo mais frequentes após a 2ª dose.
A vacina COVID-19 Moderna é igualmente uma vacina de mRNA criada pela Moderna TX,Inc. Está recomendada para maiores de 18 anos e apresenta uma eficácia de 94,1%. É também administrada em duas doses intramusculares mas com um intervalo de 28 dias. Os efeitos secundários são idênticos à vacina COVID-19 Pfizer-BioNTec e igualmente mais frequentes na 2ª dose. Ocorrem normalmente nos primeiros 7 dias e tendem a ser ligeiros ou moderados.
A vacina AZD 1222 do consórcio Oxford e Astra Zeneca é uma vacina com vector recombinante (utiliza um adenovírus modificado que codifica a proteina spike (espícula) do SARS-Cov2). Tem uma eficácia de 63,09% e está indicada para maiores de 18 anos e menores de 65. Decorrem estudos em maiores de 65 anos para aprovação do seu uso nesta faixa etária. É admistrada por via intramuscular em duas tomas espaçadas entre 8 a 12 semanas. Os efeitos secundários são sobreponíveis às anteriores vacinas.
A vacina da Johnson&Johnson’s Janssen é também uma vacina com vector recombinante mas administrada numa única dose. Está indicada para maiores de 18 anos. Os efeitos secundários surgem em regra nos 2 dias após a toma e podem afectar as actividades da vida diária sendo mais ferquentes entre os 18 e os 59 anos. Em regra desaparecem em dias. A vacina tem uma eficácia de 66,3%.
Portugal adquiriu também as vacinas da Sanofi/GlaxoSmithKline e da CureVac/Novartis que ainda se encontram em fase de estudo.
Estão já em comercialização noutros países, mas sem aprovação pela Agência Europeia do Medicamento:
– A Sputnik V do Instituto de Investigação De Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya com uma eficácia de 91,6% e indicada para maiores de 18 anos.
– A Sinovac, a Sinopharm/BIBP e a CanSino Biologics são as três vacinas aprovadas pelo regulador chines e em administração no país.
Com o surgimento de novas variantes coloca-se um novo problema. Qual a eficácia das vacinas em relação a estas estirpes. Para já os estudo demonstram que a generalidade das vacinas apresenta eficácia para as novas estirpes podendo contudo, em algumas delas ser necessária uma dose de reforço.
Nesta fase o importante é mantermos o esforço de imunizar a população também para evitarmos o surgimento destas novas variantes que podem ser mais agressivas, com maior capacidade de contágio e resistentes às vacinas disponíveis.