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Saúde e Vida

PREVENÇÃO DO CANCRO COLORRECTAL

Ana Marinho Soares

O cancro colorrectal (CCR) apresenta elevada incidência e mortalidade. É o terceiro cancro mais comum a nível mundial e o segundo mais mortífero no ocidente. Só em Portugal, em 2018, a mortalidade aproximou-se dos 45%, correspondendo à primeira causa de morte por cancro e a 16% das mortes por neoplasia. Numa imagem trágica e simples, são 11 portugueses que morrem por dia desta doença, evitável pelo rastreio. Surge aqui a minha principal mensagem – esta neoplasia maligna tão mortífera, ironicamente seria um dos cancros mais fáceis de prevenir. Falo claramente do rastreio CCR que é eficaz na redução da mortalidade, permitindo a detecção de lesões pré-malignas, ou então já malignas mas num estádio muito precoce da doença, associando-se a um prognóstico melhor.

Numa fase pré maligna ou inicial da doença, é importante perceber-se que pode não haver sintomas. Embora cada vez seja menos comum,  há quem recuse realizar o rastreio CCR alegando não ter sintomas e partindo do princípio que se não tem sintomas está tudo bem, adiando a realização de um “exame invasivo” ou de uma “colheita desagradavel”  . Esse é o principal erro. É que nós queremos detectar a doença quando ainda não há sintomas.
Para além do estadiamento, outro fator que faz diferir os sintomas que surgem é  a  localização da neoplasia. Mais frequentemente há história de perdas de sangue nas dejeções ou de alteração do trânsito das fezes, e na presença de tais sinais deve ser orientado pelo seu médico assistente.
Haverá risco acrescido de desenvolver CCR:
– pessoas com idade igual ou superior a 50 anos
– pessoas com história familiar ou pessoal de pólipos
– pessoas com doença inflamatória intestinal (colite ulcerosa e doença de Crohn)
– tabagismo
Apesar de não estar completamente esclarecido, uma dieta com baixo teor em fibra e rica em gordura animal poderá também ter uma contribuição nefasta.
É consensual e evidente os benefícios de um rastreio nacional e de base populacional, a todas as pessoas assintomáticas, sem história familiar de CCR com idades entre os 50 anos e os 74 anos, A colonoscopia e a pesquisa do sangue oculto nas fezes (PSOF) são os métodos de  rastreio utilizados. A colonoscopia apresenta maior eficácia na redução da mortalidade, mas menor adesão dos utentes para a sua realização. A PSOF surge como uma alternativa, com taxas de adesão elevadas.
A probabilidade de uma pessoa desenvolver CCR ao longo da sua vida é de  6%, cerca de 1 em cada 20 pessoas, um número demasiado elevado para, depois de ler isto, e principalmente tendo mais de 50 anos, continuar a ignorar.

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