Celmira Macedo
Nos próximos dias 12 e 13 de março realiza-se o Congresso online “Humanizar o Ensino Digital”, com o objetivo de refletir sobre a educação e o ensino em tempos de pandemia. Desde março de 2020, milhares de crianças e jovens, com e sem necessidades educativas, ficaram privados de um ensino de qualidade e muitos deles perderam as suas terapias. No painel estarão presentes a Secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, os professores Carlos Neto, David Rodrigues, Filinto Lima, a CONFAP (Confederação Nacional das Associações de Pais), o apresentador de televisão Jorge Gabriel, entre outros.
Soluções para uma nova realidade
Estima-se que em Portugal existam 1,6 milhões crianças e jovens em idade escolar, sendo que 90 mil têm necessidades educativas. A chegada da pandemia, os respetivos confinamentos e as medidas de distanciamento social, privaram muitas dessas crianças e jovens ao acesso a um ensino de qualidade, inclusivo e adaptado às suas necessidades e realidades.
Além da urgência de proporcionar um ensino de qualidade para todos e retomar terapias para alguns, é imprescindível resgatar profissionais nesta área. Muitos deles, entretanto, ficaram desempregados; outros, não têm formação técnica ou pedagógica adequada às novas tecnologias.
Facto incontornável é que o ensino digital é uma realidade e veio para ficar, até como ferramenta do ensino presencial. O ensino digital não deve ter a pretensão de substituir o regime presencial, mas torná-lo mais eficiente e acessível a todos.
Nos tempos que correm, mais do que uma alternativa ou um complemento, o digital tem-se revelado a única solução. Além disso, e mesmo sem os constrangimentos da pandemia, muitas pessoas com baixos rendimentos ou longe dos centros urbanos, não têm acesso à informação ou à reabilitação onde vivem. A tecnologia pode ser a solução para reduzir essas desigualdades.
Porquê este congresso?
Celmira Macedo, fundadora da EKUI e coordenadora científica do Congresso, defende que “é fundamental capacitar os profissionais para os desafios da abordagem digital. É impensável que uma aula online tenha a mesma duração que uma aula em regime presencial. As estratégias para fazer terapias à distância, ou para ensinar a ler e a escrever, terão de ser obrigatoriamente diferentes. Por outro lado, o ensino presencial deve incluir ferramentas tecnológicas, por se evidenciarem motivadoras e eficazes no acesso ao currículo. O desafio é encontrar o equilíbrio”.
Este congresso, organizado pela EKUI, com o apoio do prémio Caixa Social e da Growappy, pretende capacitar pais e profissionais para a adaptação da educação e da formação à era digital. E desta forma, melhorar o ensino e a reabilitação. Assunto, aliás, amplamente defendido no Plano de Ação para a Educação Digital (2021-2027), da Comissão Europeia, para uma educação digital de elevada qualidade, inclusiva e acessível a todos.
A encerrar o congresso estará a ex-Ministra da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, que tem vindo a defender a urgência da transição para o digital “sem deixar ninguém para trás”.